500 cartas para ela – Carta 9: Nunca lhe escrevi uma canção.

Tentei escrever-lhe uma música! Mas não consigo criar nada tão perfeito ou imperfeito como o meu amor por você. Não há melodia que traduza suficientemente a melancolia trazida na memória junto com a sua lembrança.

Já escrevi canções para outras mulheres. Mas mesmo minhas melhores composições que soaram perfeitas para elas, não são perfeitas como você. Na verdade já lhe escrevi uma também, mas por não ter essa perfeição que te descreve, ficou arquivada em meus cadernos. Já lhe escrevi muitas poesias, pois escrevo-as assim como essa carta. Mas não consegui mantê-las num ritmo que descrevesse também poeticamente a minha respiração, ou os batimentos do meu coração, no momento em que penso em você, e por isso permaneceram sendo apenas poesias.

Dizem que o amor inspira, e isso é verdade, mas nem sempre a inspiração é proporcional ao amor que sentimos. As vezes é maior, e as vezes, menor, como nesse caso. Até perceber isso, me senti culpado. Não achava que era digno de lhe referir a palavra amor sem conseguir cantá-lo a você. Mas percebi que se não consigo alcançar um nível tão alto de inspiração, é porque preciso ter você por perto.

Quero poder tirar a melodia de dentro dos seus olhos; pegar o ritmo do seu coração mais perfeito que o meu.