Aqueles que amo de coração
 

 
  Aqui estou mais uma vez sentado nessa cadeira velha enquanto meus dedos saltitantes colidem repetitivamente com as teclas.
 
  As estrelas lá fora zombam da lua fosca, as nuvens parecem ter sido confiscadas pelo bom Deus e a chuva já não deve vir mais hoje.


  A noite brilhante de luzes inalcançáveis e devaneios inimagináveis é como um travesseiro macio a acariciar e confortar-me. Minha mente melancólica se recusa a repousar enquanto pulsa uma pergunta irrefreável, intermitente e tão antiga.

  Aqueles que amo, onde estão?
 
  Pouco sei do que as letras sopram ao meu ouvido, seus desejos, anseios, e tampouco em que palavras sonham em se formar. Apenas estou aqui por que amo, por aquilo que prezo e por tudo o que representa esse derramamento tosco de um carinho quase excêntrico.


  Amo minha família, meus amigos, sejam virtuais, sejam reais, que seja. Amo vocês. Amo meus filhos, minha esposa, meus pais e minha irmã. Amo meus sobrinhos.

  Ah. Como é bom amar, respeitar, querer, ter. Como é bom ser amado, respeitado, querido, ser de alguém. Somos loucos e tão sãos. Poetas, amantes, errantes, somos capitães clandestinos perdidos pelas areias da vida, somos ruínas, outrora praias cheias de forasteiros, também somos desertos, mas, sobretudo somos castelos. Somos um só reino.
 
  Mas amados, quantos reis nos dominam?

 Somos a fantasia fantasiada de realidade. A realidade o que é senão irreal, senão abstrata como bem conhecemos da criação. Criação...
 
  Aqueles que amo, seres infinitos, como o eixo “x”, de onde viemos e para onde vamos? Será mesmo que em uma crescente, negativos e depois positivos, positivos e depois negativos e cada vez mais positivos, e cada vez mais negativos? É um magnetismo? Duas forças opostas que se atraem? Ou seremos apenas infinitos?


  A origem é uma incógnita, o fim um mistério. Por isso devemos dar valor aqueles que amamos.

  Ah, aqueles que amo.

  Como é bom festejar a chegada de um filho, o surgir da vida, vida? Onde ela começa? No primeiro choro ou no primeiro sopro?

  Ah, aqueles que amo.

  Como é triste ver que já não estão aqui, que o ciclo se fechou. Vida? Morte. Onde ela começa? Onde ela termina? Mas se é um ciclo, onde ela continua?

  Aqueles que amo, que sempre amarei mesmo que os caminhos não se cruzem, ou que as pontes que nos ligam sejam levadas pelas fortes tempestades.
 
  Não é um caminho qualquer que me leva até eles, até onde estão. É uma história, de alegrias, tristezas, erros e acertos. É um laço único, um sentimento perfeito. É amor, amizade, paixão. É tudo, mas pode ser por nada.

 
  E sempre e simplesmente aqui em meu coração, é onde aqueles que amo sempre estarão.

Aqueles que amo de coração.
 
Sidney Muniz
Enviado por Sidney Muniz em 27/03/2012
Reeditado em 27/03/2012
Código do texto: T3579937
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.