O QUE DE NÓS FICA

Ficam as suas mensagens que diziam que você estava com uma imensa comichão nos ouvidos de ouvir minha voz, quando por algum tempo eu me ausentava e deixava de telefonar. Fica a sua expectativa que o fazia esperar no MSN até às madrugadas (e bem altas por sinal) aguardando eu entrar.

Fica seu sorriso, juntamente com o som maravilhoso das suas gargalhadas. Suas piadas (até mesmo as sem graça) e as suas variadas imitações engraçadas, principalmente as que tinham sotaque alemão.

Ficam as formas íntimas com que nos chamávamos, que elogiavam e não insultavam. Ficam as respirações com “a barriga” quando um de nós era tomado por ansiedade.

Ficam os conselhos mais sábios, o silêncio como um afago, as imaginações de filhos sendo “processados” sobre os processos do seu trabalho. (Essa foi dolorosa demais pra eu lembrar)

Ficam os ataques matinais à geladeira, os versinhos rimados e os sem rima, as escritas adulteradas para alegrar o cansaço de um dia. Ficam os beijos imaginados por todo o corpo, e por todo ele mesmo. E por falar em mesmo, que fique também o "s" bem puxado de uma certa carioquinha, “marrentinha”, a qual você intitulava de sua florzinha.

Fica a Paraty visitada pelo amor de um coração só e pelo desejo incontido de dois. Fica o “la luna” para que veja todos os dias a lua pelos olhos que hoje me é vetado olhar.

Ficam minhas reticências que continuam minhas histórias descontinuadas, de ser dona desejo, ou talvez “desejuh” para eu entender melhor os seus escritos. Fica a intensa vontade de ser sua “parteira”, de te ver nascer...

Fica a lembrança de quando você não me evitava e de quando não era atencioso comigo só por educação, mas sim porque o coração acelerava, porque gelavam as mãos...

Fica aqui mais um pedido de desculpa por te incomodar com as minhas dores e o respeito pelo seu momento, seu tempo, seu passo... Seu espaço será respeitado.

Peço forças a Deus, e juntamente com estas peço também a fé! E quanto a mim, mesmo depois de tanto tempo, fica essa minha incontinente vontade de querer que o fim tivesse sido muito, mas muito diferente...

Anne Jansen
Enviado por Anne Jansen em 06/04/2012
Reeditado em 12/04/2012
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