Concepção Artística - O eu de mim em matérias...

“E...Ternos”

Parangolés Contemporâneos

Não haveriam de ser em tecidos brancos, esticados e pregados em quatro compridas madeiras. Se fossem, as chamariam de telas.

Não haveriam de ser produzidas com pincéis, com pontas definidas, muitas menos com pinceladas delineadoras, corretivas e contornadas, a fim de apontar a perfeição real, ainda que farsa ou utopicamente.

Se fossem assim não retratariam minha poética, meu jeito impulsivo, meu espaço e minha arte.

Eis que preferi minha visão de fora para dentro já que estou tão acostumado a expor-me de dentro pra fora.

Os pingos de tintas são intimistas e contam histórias...

Mas não sabia que ainda assim na pista de mão dupla de meus insights havia logo ali ao meio, entre o intimo do artista e a realidade a sua volta, um espelho que vai projetando imagens recodificadas.

Estas imagens são desconstruídas perante o mundo visível, assim as senti, tive então o trabalho de reprojeta-las ao meu modo em meu espaço de criação.

Meus quadros são “vestes” são túnicas, são mantos, são peles perto de qualquer ser vivo; casos casuais soando como uma espécie de arte involuntária, soa bem forte também uns “entretantos” e outros “porquês” ainda mais fortes.

Estas pinturas estão para ser devoradas, surradas como roupas de um cotidiano que criei, a minha poética me permite ser inventor.

Havia de ser mais que isso.

Até que finalmente numa versão mais critica da sistematização social, encontrei qual seria o manto utilizado para a criação artística.

Descaracterizando até então as roupas ditas sociais de nosso cotidiano, com gritos de tintas; emergiu em cada movimento do “jogar tinta” um artigo indefinido, como a intenção já abria precedente.

Estas peças remodelam aquilo que já era socialmente fixado.

As portas dos mais profundos sentimentos impregnaram a cada mancha ali produzida, os limites se olharam sabendo que estavam ali juntos e talvez de medo, embora tentassem, jamais fugiram daquele reduto.

Assim as peças ganham espaço no tempo e o tempo segue a medir cada pigmento utilizado, urgindo para a eternidade.

Tiago Ortaet

2006