QUEM PAGA AS CONTAS DA MULHER? (*)

CARTA A MARIA FERNANDA VALE

Quem paga tuas contas? Para mim, a resposta se expõe de maneira óbvia: Tu! E de que forma? Ora... No trabalho, vendendo tua mão de obra, a qual, conforme sou levado a crer, é qualificada. Não é movido por benemerência que o patrão remunera, mas pelo produto de teu empenho e saber.

O marido te paga faturas? Deve ser financeiramente mais bem provido, sobrando-lhe excedentes do custeio da mera sobrevivência. E a título de contrapartida, ofertas companhia, carinhos, oportunidade de convivência e de interlóquio com pessoa muito bem provida de inteligência e, por certo, de atributos que somente ao espaço mais íntimo da vida a dois interessa.

Acrescente-se: CHEGASTE AO MUNDO POR GERAÇÂO ESPONTÂNIA? Não!... Dois outros seres cruzaram-se e nesse encontro fizeram brotar a pessoa que hoje tem nome e identidade social de Maria Fernanda. Abomino o mofado chavão “criamos os filhos para o mundo, não para nós”. Balela! Sou pai e nunca omiti que nós os temos para gratificação nossa, a saber: por deleite - para escoar nossas reservas afetivas-; pensando em amparo na velhice; visando à própria continuidade através das gerações futuras, enfim pagamos, com o simples existir, aos antecedentes, aqui inclusos avós (tendo como verdadeiro o axioma de que são pai e mãe duas vezes, então, a estes pagamos dobrado), tios, enfim.

E no que gastas e do que consomes - não importa a fonte direta do financiamento de teu “custeio” – está embutida a extorsiva (sobre) carga de tributos usada, quando com fins nobres, para implemento de ações sociais ou, na via inversa, simples e repulsivamente têm destinações abomináveis.

Conclusão: teu custo de existir é pago, diretamente ou não, por ti mesma. Os questionamentos que fazes só refletem tua capacidade de pensar e, se trazem a companhia de alguma dose de angústia, põem a nu a solidez de tua ética.

(*)texto redigido em resposta a Maria Fernanda Vale, que abordou a questão em sua página deste Recanto.

Alfredo Duarte de Alencar
Enviado por Alfredo Duarte de Alencar em 12/07/2012
Reeditado em 12/02/2014
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