Estávamos em férias ... 1a. carta

Sinto-me ainda fragilizada diante da reviravolta da minha vida depois de 08 de janeiro de 2010. Neste momento meu filho Róger dorme. E eu aproveito para entrar neste espaço com a intençao de compartilhar a superação de toda essa dor.

Estávamos em férias, passamos uma semana juntos, na praia... meus pais, meu marido, dois filhos e um amigo dos meninos - que eu trato de "adotadinho", pois está sempre conosco. Também estava a namorada do Róger, que voltou para casa de avião um dia antes do acidente. Iamos acordar de madrugada para viajar. Acordei e vi todos dormindo... e deixei-os dormir mais um pouco. Aos poucos cada um se arrumou e ficamos prontos para pegar a estrada.

Logo que saímos oramos e pedimos proteçao para voltarmos para casa. A viagem estava tranquila. Carro lotado, bagagens, lanches.

Por volta das 16 h do dia 08 janeiro de 2010, o acidente aconteceu. Eu acordei ouvindo o meu marido falar: VAMOS VIRAR!!!! Eu estava acordando e ao mesmo tempo tudo acontecendo. Olhei rapidamente e nao me lembro direito. Somente me recordo da sensaçao de estar fazendo uma cambalhota, como se fosse mergulhada numa piscina, tinha a sensaçao de girar, uma vez, duas? tres? Até que senti o carro parando.

Atordoada. Confusa. Olhei para meu marido e ele estava ferido, respirando com dificuldade. Tonto. Confuso. Conversei com ele, pedi calma, informei para ele que o carro tinha virado e pedi que nao se mexesse. Desatei meu cinto e desci, tentando entender o que tinha acontecido.

Meu DEUS!!!! Meu DEUS!!!!!

O carro estava com toda a bagagem presa na lona. Nada tinha caido. Meu segundo filho estava do meu lado. Olhei em volta, confusa, muito confusa.

De repente ouvi meu segundo filho gritar para eu socorrer o amigo, meu adotadinho.

Ele estava caido entre o capim e o acostamento. Ele estava branco, pálido. Chamei-o várias vezes e ele gemeu. Estava vivo!!!! Conversei com ele, pedindo que nao se mexesse. Corri para o carro peguei travesseiros, toalhas e fui protege-lo do sol e do calor.

Nesse instante as pessoas estavam parando para nos socorrer. Algumas mulheres ficaram segurando as toalhas para fazer sombra.

Somente nesse momento eu, novamente, ouvi o meu filho gritar novamente pelo nome do seu irmao cacula. Eu me virei e nao via nenhum deles.

Pedi para as mulheres continuarem cuidando do meu "adotadinho" e corri em direçao aos gritos.

MEU DEUS!!!!!! MEU DEUS!!!!!

Tenha piedade! Piedade! Piedade! Jesus!!!!! Jesus!!! Nossa Senhora!!!! era só o que conseguia falar.

Cai de joelhos diante do meu filho cacula. Muito machucado. Respirando com dificuldade. Deitado de bruços, debaixo do carro!!!! no asfalto quente!!!! tentando respirar!!!!

De joelhos implorei que Nossa Senhora cobrisse meu filho com seu manto. Implorei!!!! Impondo minhas maos, pelo corpo do meu filho como se ele pudesse sentir alivio, eu clamava por Nossa Senhora.

Cobre com teu manto!!! Nossa Senhora, cobre com teu manto. Eu implorava. Clamei, clamei , sem me dar conta que ao meu redor havia um publico, apenas olhando.

De repente, me dei conta que aquelas pessoas juntas podiam levantar o carro para sair de cima do meu filho, virei-me e implorei ajuda deles, pedi para se juntarem e levantarmos juntos aquele monte de ferro.

Eu ouvi meu outro filho gritar, implorar para alguem trazer um macaco para levantar o carro. E ninguem ajudou, ninguem tentou, ninguem trouxe um macaco.

Entao ajoelhei novamente e voltei implorar por piedade divina.

Eu sabia que era grave. Eu sabia que ele tava correndo risco de vida. Sõ eu nao sabia o tanto que era. Nao tinha nem ideia dos proximos dias, meses e agora anos.

Entao passei a viver cada instante de cada vez. Foi um dos meus aprendizados.

Rosa Destefani
Enviado por Rosa Destefani em 22/08/2012
Reeditado em 05/09/2012
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