...Pra Geografia que te Pariu...

Há muito que já não há nenhum clima entre nós e essa relação tem sido à base de eventos extremos. Tenho chorado rios de emoção, e você nem faz questão de entender a política que impera nesse meu coração livre de fronteiras. Já que o seu, mais parece uma rocha daquelas cujos sedimentos deixaram marcas incontestáveis. E enquanto aqui eu queimo feito lava de vulcão você continua parecendo uma geleira que não derrete nem com um bendito dum azar climático. Não é fácil entender a distância que escolhestes para ser o seu espaço agora. Como se outro continente fosse suficiente pra me fazer esquecer as vezes que tua experiência prática era apenas nas regiões do meu corpo, e os meandros mais perigosos que já tivestes a ousadia de se encalhar, fostes a minha cintura. Pois bem, se queres o desacordo então desocupe o meu território, retire sua bandeira e vá viver em outros fusos. Já que a fluidez do seu amor por mim estagnava em alguma esquina dessa cidade, e o meu por ti centralizava o bonito e segregava tudo que não podia ser visto. Deixa que já providenciei barreiras e paralelos que impeçam seu turismo em mim. No meio desse ambiente você não polui mais. Se você faz questão de mudar o ciclo das estações, fique você com sua órbita porquê a terra gira, e caso não chova na sua plantação, irá se lembrar dessa translação. Com sorte já terei dominado hemisfério norte de mim. E será tarde pra dar valor a quem te ama. Vai lá pra tua Laurásia que eu fico aqui na minha Gondwana.

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 24/08/2012
Reeditado em 26/11/2018
Código do texto: T3846188
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