Ansiedade


Segurei a tua mão. Mais do que isso, segurei a tua angústia, o teu medo, a tua incerteza - que apesar de também serem meus, não pude extirpá-los de ti e levá-los comigo. O que dizer?...

Meus pensamentos navegaram a noite toda em uma água turva e densa, tentando manter minha sanidade à tona. Tenho que flutuar. Por ti, não só por mim. As notícias são antagônicas, e não sei em quem acreditar, mas tento permanecer leve e acreditar no melhor. Espero que dentro em breve toda esta ansiedade - a tua, a minha e a de todos nós - possa revelar-se um mal desnecessário.

Queria poder estar aí, mas as impraticidades e inconveniências da vida me impedem.

Deveria haver uma palavra certa, que nos viesse à boca prontamente, todas as vezes que deparássemos com situações como a que eu vivi ontem. Deveria haver a coisa certa, ou melhor, certeira, que fosse capaz de clarear caminhos, dissipar dúvidas e trazer tranquilidade, acalmando o medo. 

Mas esta palavra não existe. 

Vasculhei nas bolsas e dicionários mentais, tentando juntar letras e sentidos, mas cada palavra formada morria na minha garganta diante do teu olhar. Um olhar  sem cílios ou sobrancelhas, que me indagava, como a buscar conforto, um conforto que não fui capaz de te proporcionar. Sempre sou assim nestas horas... e me odeio por isso.

Tive que ir embora e deixá-lo, permanecendo cada qual do seu lado dessa história. Não havia mais nada que eu pudesse fazer, a não ser o que já havia feito, pelo menos, naquele momento.

Mas todo pesadelo tem um fim, por mais longa que seja a noite, e logo estaremos todos comemorando o nosso Natal e a alegria de um novo ano que haverá de ser totalmente novo.

 
Publicado em: 22/11/2010 13:09:48 - um momento muito, muito difícil. Um momento triste, que jamais esquecerei, mas ao mesmo tempo, achei importante ter sido eu a estar lá, ao lado.
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 10/10/2012
Reeditado em 27/03/2020
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