Transe

A foto chegara por e-mail. Não se trata de uma foto recente, mas da Menina-Morena com uns 9 anos.

Então ela a olha apaixonadamente e fixa o olhar de modo como pudesse ser correspondida. Vai para o banho, tenta uma fuga, e a água percorre seu corpo assim, como também, transcorrem as lembranças da Menina-Princess, do olhar, do cheiro, do riso. Ela passa a mão pelo ventre, acaricia-o como quisera que dali a Menina-Preta não tivesse saído.

E nesse transe passa-se o tempo. A Menina-Linda cresce e cada vez mais brilham seus olhos. Onde quer que chegue, a alegria torna junto, se ali não estivera. Contagiava a tudo e a todos, sempre.

Ela termina seu demorado banho. Lentamente banhou-se, ora por não querer parar com as lembranças da Morena-Faceira, ora por querer, talvez, que estas mesmas lembranças findassem ali. Lavar não somente o corpo, mas também o pensamento.

Retorna ao quarto e em sua tela está a foto. À espera, quem sabe... de mais um olhar. Tenta sair e parece retida. Retoma à gravidez, nascimento, cuidados e cuidados. Mas a Menina foi-se como um cometa, deixou seu rastro de luz, brilho, alegria, amor.

Saudade é o amor que fica por quem já partiu.