A última carta

“Rio, 08 de novembro de 2012.

Escrevo-te essa carta não com o intuito de causar mais confusão ou intriga nem de gerar revolta e respostas malcriadas, até porque nem ao menos sei se você a lerá. Escrevo-te para me despedir, para acabar logo com isso. Que essa carta seja a conversa que nunca tivemos para resolver tudo, que essa carta diga tudo o que eu quero te dizer para por um fim de uma vez por todas em tudo isso.

Sei bem que não tenho direito de te pedir mais nada, mas ainda assim te peço que pare. “Parar com o que?” você deve estar se perguntando com uma expressão ofendida como se nunca fizesse nada mesmo sabendo que faz, mas te respondo sem problemas. Pare de ressurgir das cinzas de uma hora para a outra e achar que sabe de tudo o que está acontecendo, pare de sempre querer interferir na minha felicidade, pare com esse apelo desesperado por atenção que só me faz querer mais distância de você. O que você pretende com tudo isso? Desestabilizar-me para que você possa ter livre-arbítrio para entrar mais uma vez em minha vida e causar mais estrago? Isso não acontecerá!

Outro dia eu estava pensando em como nós éramos e em que nos tornamos. Não digo “nós” me referindo a você e eu separadamente, mas sim juntos como melhores amigos e seja lá mais o que já significamos um para o outro. Tudo mudou tanto… Naquela época que não faz nem tanto tempo assim, eu suportava muita coisa e escolhia não desistir de você mesmo com tudo, eu não te abandonaria por nada, eu nunca iria dizer que queria distância de você e hoje tudo é exatamente o oposto. Como as coisas mudam, não? O nosso para sempre chegou ao fim e eu realmente prefiro assim.

Disse que essa é uma carta de despedida porque é exatamente isso o que eu quero: despedir-me de vez. Faz tempo que não me interesso em conversar com você ou saber sobre você e, mesmo que você ache que não, não quero aproximação. Nosso tempo já passou e não temos mais volta. Por isso te peço mais uma vez para que não insista nesse jogo de entrar e sair da minha vida ou simplesmente reaparecer para espalhar o caos. Minha vida não é um brinquedo para você se divertir quando estiver no tédio, entenda isso.

E às vezes me pergunto: será que você não vê? Você faz pouco caso dos amigos que realmente se importam com você. Sei que não sou ninguém para julgar se você escolhe bem suas amizades ou não, mas pensa comigo. Quantas vezes você já reclamou comigo de estar sendo abandonado por alguns amigos? Quantas vezes, sem você nem ter feito nada, eles te deixaram de lado? Agora, quantas vezes os outros, aqueles que você mais deixa de lado, aqueles que você diz que gostaria muito de não sentir nenhum carinho por eles, te abandonaram? Quando seus outros amigos te esqueciam, quem estava ao seu lado? Faço essa observação com base em fatos, você sabe. Não quero que você acabe sozinho mesmo rodeado de pessoas, isso não é necessário. Não quero que você tenha apenas amigos superficiais e nenhuma amizade verdadeira. Porque isso vai acabar acontecendo, você tem consciência disso. Será que é tão difícil assim respeitar e dar o devido valor a quem realmente considera você como um amigo, a quem gosta de você apesar de tudo?

Essa é a última carta que te escrevo. Talvez não seja realmente a última de nossas vidas, mas vai ser a última por muitos anos. Fico triste pelo rumo que as coisas tomaram e por ver que todo aquele carinho que eu tinha por você se transformou em aversão. E por mais hipócrita que isso soe, te desejo felicidade. Mas mantenha distância da minha vida, pois você não é mais bem-vindo aqui.

Adeus.”

Debora Santos
Enviado por Debora Santos em 11/11/2012
Código do texto: T3980706
Classificação de conteúdo: seguro