Estávamos em férias ... continuação 45a. carta "Enfim, nosso filho falou..."

Nossa família é demais. A gente raramente fica só em casa nos finais de semana e feriados. O pessoal vem para nossa casa para nos fazer companhia. Guardadas as devidas proporções, isso me lembra aquela famosa frase: “Se a montanha não vem a Maomé, Maomé vai à montanha”. Se a gente não pode sair, a família vem para cá.

Mas, no feriado do carnaval de 2011 estávamos sozinhos em casa. Como era feriado cada família tinha suas programações. E nessa semana Deus nos presenteou com alegria.

Estávamos dando os remédios das 22h e como sempre fazendo a higiene, troca de fraldas, escovação de dentes, após uma fruta. E como a gente sempre conversava com ele, como se ele nos respondesse, estávamos levantando a cama para sentá-lo e meu marido perguntou se ele queria “água” .

E ele falou: “quero”... “queeerrrrooo”

É... é isso mesmo... falou que queria água.

Meu marido estava voltando com a água gelada para ele e... voltou correndo... pedi, traz a filmadora... pega a filmadora...

A emoção foi tamanha que ficamos abobados. Não sabíamos o que falar, o que perguntar, o que fazer. Começamos a filmar com a lente fechada. Abre a lente... abre a lente, pedi.

Houve nossa primeira conversa, emocionados, felizes, louvando e agradecendo a Deus.

Durante o dia seguinte foi uma festa, muita alegria... muita expectativa de todos... mas, estava quieto, como no dia anterior.

Na outra noite, voltou a nos responder. Falou menos mas, falou somente mais essa noite.

É como se o mato tivesse sido amassado e não foi suficiente para fazer a trilha. Demorou muitos meses para voltar a falar. O caminho neurológico estava sendo construído. Falar é difícil e complexo.

A neuroplasticidade é possível.

"Não desanimeis, embora venham ventos contrários".

(Madre Paulina)

Rosa Destefani
Enviado por Rosa Destefani em 19/11/2012
Reeditado em 21/11/2012
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