Se eu soubesse...

Ah, se eu soubesse como a vida passa rápido; como os dias e as horas se escoam por entre os dedos, como a água que despenca de uma cachoeira; eu teria sorrido mais; gargalhado mais, brincado mais com a vida, amado mais e feito mais bobagens.

Não teria levado determinados fatos tão a sério; pois são estes pequenos erros, que não fazem mal a ninguém, que nos dão oportunidades de tecer pequenas histórias divertidas para um dia poder contar para nossos filhos ou netos, quando ,ou se os tivermos.

Teria sido menos severa comigo mesmo e me cobraria menos diante de determinadas situações ,quando elas aparecem em nossas vidas. Não teria cobrado dos demais o que eu cobrava de mim mesmo. Não teria tentado mudar o Mundo e nem o que achava errado nas outras pessoas.

Deveria ter afogado meu lado “professoral” no fundo do poço mais escondido que eu pudesse encontrar; talvez assim eu tivesse feito amigos que tivessem permanecido desde meu tempo de infância, independente de quantas léguas, quilômetros, estados ou países estivessem a nos separar.

Deveria ter deixado o pequenino barco da minha vida navegar ao sabor da correnteza e se ele encontrasse tempestades ou furacões pela frente, poder ficar sentadinha, somente observando como ele se portaria frente às adversidades da Vida.

Teria meu coração não somente aberto, mas de portas escancaradas, para todos os amores que a ele se apresentassem; independente de cor, credo ou posição social. Não me doaria tanto e nem esperaria retribuição por nada que houvesse feito; pois todos gostam de receber, mas nem todos gostam de dar, e a medida usada para cada valor recebido, é totalmente diferente para cada ser humano.

Não teria certos medos, pois somos nós que sofremos e não a pessoa a quem tememos magoar. Não teria aberto mão de realizar determinados sonhos e fantasias, que permanecem submersos até hoje no fundo do meu coração.

Deveria ter sido mais dinâmica do que fui, menos severa quando foi necessário e muito mais amante e carinhosa, quando minhas humanas necessidades assim o desejassem.

Enfim, deveria ter feito tudo aquilo que minha alma sedenta de emoções e aventuras sempre desejou, mas que foi tolhida em seus anseios , pelo modo como foi criada e educada.

Agora com a estrada da Vida mostrando a reta quase final, pois só Deus sabe os quilômetros que ainda vamos percorrer, é que nossa mente e olhos já embaciados pela idade, recebem alguns minutos de claridade e discernimento e uma luz reveladora descerra a cortina e nossos erros que poderiam ter sido evitados nos são revelados.

Tarde demais e nada de arrependimentos tardios por termos sido ignorantes e cegas. Já temos maturidade suficiente para perceber que tudo o que aconteceu era inevitável e que como diz o velho ditado : Não se deve chorar depois do leite ser derramado, mas sim, limpar o que sujou .

O bom é termos a certeza que a jornada vai continuar em outras plagas e que embora desconhecidas para nós, vamos ter a oportunidade se quisermos é verdade de corrigir os erros cometidos nesta vida e sermos tão felizes como desejamos e o que é ainda melhor, se pudermos não magoar jamais as pessoas que mais amamos. Enfim, este foi somente um pequeno retorno pelas estradas desta minha vida, que perto de algumas que cheguei a conhecer, tem sido maravilhosa e por isso só tenho a agradecer de todo o meu coração a aquele que me deu esta Vida e que vai retomá-la quando lhe aprouver.

Estes são devaneios de quem teve algumas horas para perder.

Autoria: Celina Maciel

Celina Maciel
Enviado por Celina Maciel em 09/03/2007
Reeditado em 14/04/2007
Código do texto: T407212
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