Segunda carta ao meu Ipê

Querido Ipê,

Engana-se ao pensar que esse "querido" possa soar falsidade, ele só está presente para frisar o quanto ainda lhe quero.

Ah, mais uma vez te escrevo para falar dos meus sentimentos, cujos você já está ciente, mas escrevendo foi um meio de deixar tudo mais claro. Como sabes gosto de todo esse nosso mistério, portanto, não me peças para desvendar nada, sei que interpretarás da melhor forma possível, pois conhece-me muito bem e sabes a forma que te digiro a palavra (mesmo que por meio destas simples).

Antes de tudo quero dizer-te que desde a primeira carta mudei bastante e também a forma que te vejo e me relaciono com você, sabes que fico feliz quando correspondemos nossas expectativas e fico em êxtase quando superamos-as.

À essa altura do campeonato já me apaixonei e desapaixonei por você inúmeras vezes, que chega a ser entranho... Acho que é tão diferente e que o sentimento é tão profundo que mesmo quando alguma sombra o tapa e o faz desaparecer momentaneamente (ele permanece calado) porém com qualquer vento (na nuvem que faz a sombra), ele reaparece e revive da forma mais mágica possível.

É claro que não é só isso, mas você me entende, me desvenda e me faz compreender coisas sobre mim mesma... Você me surpreende. Chego a acreditar que somos alma gêmeas e que fomos feitos um para o outro e que o destino vai deixar-nos permanecermos juntos e acredito que em algum momento será somente eu e você.

Outra coisa que me deixa muito reflexiva em torno da nossa forma de nos relacionarmos é o ciúmes que não tenho de você. Aparentemente sinto alguma vontade de te ter infinitamente só pra mim, mas você é tão demais, que o mundo também precisa te conhecer! E ao mesmo tempo acho que é belo esse molde de relação, já que acho que não podemos ser donos de ninguém e nem podemos querer que sejam nossos donos, acho que devemos ser felizes e completos sozinhos (como somos), antes de tentar algo. Sei que é difícil decidir o que fazer quando temos certas oportunidades mas não julgo nosso relacionamento como é seja uma decisão ruim, afinal nos damos muito bem e não há porquê mudar.

Ipê, sabe eu fico toda boba quando você me elogia, sabe aquelas caras de quando alguém está apaixonado? Exatamente daquele jeito que eu fico. E é estranho, porque eu nunca senti isso dessa forma antes... E quando nós descobrimos algo a mais em comum? Meu coração vibra, perco a fala, e tudo se volta a "como eu não percebi isso nele antes?"... Mas, é que é assim, e eu acabo por perceber, que somos tão iguais que não nós completamos, mas nós transbordamos... Somos plenos. Somos melhores juntos. Melhores porque não precisamos um do outro, mas o prazer da companhia, a alegria de estarmos juntos nos reúne.

Sim, eu gosto de sempre saber o que você está fazendo, até pra me certificar que não estou sendo um incomodo a suas conversas. É bom saber, mas só por você me contar, a cena muda de forma, e eu vejo como você a vê... Sei como se sente, e sei que as vezes é melhor realmente não interromper... É bom discrição. Engraçado, porque descrevi tão bem como me sinto que mesmo se eu trocasse o "e" pelo "i" em qualquer palavra haveria entendimento...

Sei que eu amo você, não que eu já tenha encontrado realmente um significado que seja perfeito para essa palavra, mas é simplesmente isso que sinto. Simples assim. O amor é simples. E agora, vou parar de escrever porque colocar sentimentos em palavras é doloroso, e porque é o que transbordou de mim. São as minhas lágrimas de felicidade aqui, elas se tornaram palavras para que você possa sentir como me sinto, e saber o que deves saber sobre meus sentimentos.

Obrigada Ipê, por me escutar mais uma vez e por deixar que eu seja discreta mandando cartas... Nunca receberás de mim uma faixa ou declaração onde todos saibam quem sou e quem tu és. Gosto do simples e silencioso, do difícil e do prazeroso, de estar com você e não importa como, porque quando estamos juntos tudo é melhor.

Beijos e abraços, além de várias mordidas.

De sua eterna namorada, Violeta.

Júlia Farolfi
Enviado por Júlia Farolfi em 18/01/2013
Reeditado em 20/01/2013
Código do texto: T4092262
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