EU CORIFEU

Luzes! Versos incandescidos coriscam de um lado a outro

Lazeres afinados rasgando as almas embevecidas de luar

Projétil mortal, perfurantes palavras, lavras borbulhantes

A poesia a devassar o proscenio exibindo a sua luxuria.

Mas, qual drama trágico onde a dor vigora triunfante e dura

Eu Corifeu, peito rasgado, voz embargada confronto o coro

Ecoou o verso na arena atravessando os portais da historia

Empunhando a adaga silente, rasgo o véu, e a cortina cai.

Desperto numa estrada longa e empoeirada, bifurcada.

Os latidos do cachorro longe, talvez na curva do riacho

Percebo o calor do sol na pele e acorda meus sentidos

Recolho do chão os meus papeis soltos que o vento levanta

Os versos apenas os meus, levados embaixo dos braços

E deixo os de encantamento que ficaram na quarta parede.