Vamos nos Lambuzar?!

Vamos lá! Vamos sentir essa dor, essa desordem, esse desespero nos invadir. Vamos protagonizar a insegurança em nossas vidas... É tudo que precisamos para essa tarde mórbida de domingo, com ventos que impulsionam as amareladas folhas de outono caírem no fundo do nosso quintal. Vamos nos abraçar com sinceridade, com amor e coração, mesmo sabendo que é uma despedida destruidora, que as nossas vidas irão seguir caminhos diferentes, que há outros amores pra se seguir e, inexplicavelmente, se prender.

Irás partir amanhã, com malas, mentiras, promessas de histórias cheias de promoções e esperanças, para, enfim, doar a corações desprotegidos. Talvez farei a mesma insanidade... Talvez, no fundo, eu não tenha aprendido nada nesses meses de relações e manifestações intensas.

Vamos, em câmera lenta, sentir a fio tudo, por favor! Não me permito sentir sensações pela metade! Cada dor, lágrima, olhar, abraço e, principalmente, os beijos descrentes, serão importantes, acolhedores, professores...

Por isso, vamos!

Mas, vamos com calma! Tenho tempo de sobra e prefiro que degustemos tudo delicadamente, pois quero, às vezes, lambuzação em nossos corpos, em nossas vidas, e que, através da língua, limpemos com classe, destreza e maturidade as nossas bagunças estampadas e empapadas em cada pedaço de nós.

Vamos!

Após esse ritual sagrado, permito a nossa despedida óbvia e desenfreada, e aceito tudo com a cabeça firme e em paz.

Vamos! Sabe que precisamos disso!

Então vamos, para, enfim, chegarmos ao adeus sincronizado, sábio, motivador e redentor.

Rômulo Sousa
Enviado por Rômulo Sousa em 10/06/2013
Reeditado em 20/04/2015
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