Vida, minha vida

Natal-RN, terça-feira, 04 de junho de 2013.

Vida, minha vida

Hoje fazem algumas centenas de dias, milhares de horas, de minutos, de segundos... Que não estás aqui. E como a dor já sufoca e maltrata corpo e alma, resolvi te falar dessa dor, que fica a caminhar entre dois pontos (separação) de nós dois.

Minha vida, o dia começa chorando nas folhas da minha alma, o sol levanta-se se arrastando diante dos meus olhos cegos de ti... O vento não venta, grita...

Minha vida, tudo nos ensinam nesta vida, mas sempre esquecem e acredito que nunca a alguém foi ensinado, como cuidar da dor que é ficar distante de quem se ama... Essa dor que não mata que não dói, mas que mata quanto à morte morrida, que fere quanto adaga... Que nos faz gritar em silêncio, chorar baixinho, se esconder de nós; minha vida, quem foi que inventou essa tal de “dor”? Quem foi esse louco?

Drummond escreveu: “amor/Humor”; será que ele estava desapaixonado nesse dia? Com amnésia, que se esqueceu de pessoas como eu? Condenadas a acordar no amanhecer nos braços do frio, descoberta dos abraços quentes do amado? Esqueceu que amor rima com dor não porque o amor é só dor, mas porque o amor também “mata” quanto vivesse?

E hoje, vida, essa dor chegou de carruagem, na carruagem da saudade, saudade essa que se plantou diante de mim, abriu suas gavetas, e como num ritual abaquiano despejou gotejando nossos momentos, cada gota uma lágrima, cada lágrima um lamento de dor, nesse ritmo, as lágrimas seguiram fazendo o caminho das feridas abertas, as lavando, deixando meu corpo encoberto de vinho vermelho! Minhas mãos vazias de ti, meu coração em pedaços, minha alma sussurrando, orando baixinho... Estou morrendo de saudades de ti! Estou feito trapos velhos; surrados de tanto sofrer... diga-me! Diga-me! Quem inventou essa tal de dor?! Diga-me!

Eu sei que poderia te escrever esta mesma carta falando dessa mesma dor, de forma mais poética, mas como fazer isso agora, se ela está matando-me, rasgando-me, arrancando de mim toda minha poética a cutiladas?!

Vida!Vida minha, não leia nesta carta as letras vermelhas, leia as letras em branco, foram elas que deram cor a esta carta...

Vida, minha vida, eu te amo e te amarei, hoje, amanhã e sempre, como ontem...

Beijos,

Sua Flor.