A vida tem dessas coisas...

Querido Trevo-de-quatro-folhas,

Eu ainda não entendi essa minha mania de escrever cartas para declarar meus amores aos ventos... Pelo menos consigo declarar aos amores minhas vontades. Meus desejos. Acho que é uma maneira das minhas palavras chegarem até você, dos meus sentimentos chegarem ao seu coração.

Me perco em seus olhos castanhos. Não defini se são escuro ou claros, porque quando olho neles eu me sinto perdida. Talvez, tenha sido encontrada. Encontrada por você.

Não sei. Nunca sei. É estranho. Você me conhece, e me conhece melhor que eu mesma cheguei um dia a me conhecer. Sabe como sou, ou como vou agir. Esse seu sorriso de quando eu falo algo, que você sabe que é verdade. Justamente, porque eu sempre faço esse algo. E porque você sabe que eu vou continuar fazendo. E que você vai continuar rindo. Isso tudo, porque você me conhece.

Eu nunca sei se a carta ficará legível. Se a minha letra ficou bonita o suficiente. Ou se você conseguirá decifrar que a carta é pra você. Eu não sou e nunca fui a garota mais simpática, mais legal, mais bonita, ou mais inteligente. Mas, eu sempre fui eu mesma. Apesar das minhas manias mais estranhas...

Ainda não sei o que eu tô fazendo. Não sei o porquê de eu ainda estar mandando essa carta. A certeza de que ela não fará diferença é tão grande, que eu acho que seria mais útil eu mascar chiclete e resolver uma questão de matemática.

Pois é... Mas, acho que gosto de você. E gosto mesmo. A ponto de querer estar com você sempre. De sentir saudade depois de ficar poucas horas sem te ver. De querer apenas sua companhia. Por mensagem, facebook, whatsapp, ou seja por telefonemas. Só saber que você está comigo do outro lado, pensando no que vai escrever, ou dizer, pra me responder.

Segurança é a palavra menos original que eu poderia usar para dizer o que sinto no seu abraço. É mais que segurança, é também confiança, bem estar, querer ficar no seu abraço horas. Silêncio. Ele é o que preciso quando estou abraçada, não que seja pra escutar seu coração, mas pra saber que você tá ao meu lado. Pra ter certeza de que está tão junto de mim que minha respiração fica no ritmo da sua. E que então somos quase o mesmo ser. Chegar em casa, e perceber que tem mais seu perfume em mim do que deveria ter, é uma sensação muito agradável. Porque lembro que eu fiquei abraçada com você, e que por segundos, no máximo minutos, fomos um.

Lágrimas é o que esta hora está rolando no meu rosto, caíram nesse papel e manchou algumas letras, espero que não atrapalhe ainda assim seu entendimento.

Eu acho que devo ser a garota mais idiota que existe, porque apesar de tudo, eu continuo querendo estar com você. E eu sei que não podemos. Sei que não devemos. Contudo, eu continuo querendo. Continuo lutando contra mim mesma, pra fazer a coisa que é "certa" e não a que meu coração pede. Ainda assim, quero pedir desculpas, mais uma vez, por ouvir os gritos do meu coração e não ser tão racional quanto deveria. Evitaria uns acertos pro meu coração, que na real, acabam por ser (quase) erros. Não erros, mas talvez algo que não deveria acontecer. Peço-lhe desculpas mais uma vez. Trevo, não me julgue. Não se julgue. Os momentos são assim. A gente vive e depois para pra pensar na racionalidade do acaso. Ou do caso. "Hoje o tempo voa amor, escorre pelas mãos, mesmo sem sentir, que não há tempo que volte amor, vamos viver tudo que há pra viver."

Eu sei que você pensa que estou confusa, aliás, nunca estive confusa nesse assunto. Era apenas a luta do meu coração e do meu cérebro, a emoção se opondo à razão. Mas, não há confusão. Eu digo, repito, eu quero você. E não adianta falar que eu tenho que aproveitar, e ficar com outrem (ou outréns). Se você conseguir convencer meu coração disso, aí sim, eu posso seguir seus conselhos. Eu escuto mais meu coração, posso acabar me dando mal, inúmeras vezes, mas é algo que não aprendo. E tá, eu posso até dizer que é por causa do meu signo e você quase me matar, mas é exatamente pra te ver assim que eu falo do signo. Eu gosto da sua indignação, momentos mágicos. Sem mais. Eu gosto de quando você fala que é impossível acreditar nisso, e eu adoro falar que acredito impiedosamente só pra lhe contradizer.

E por mais que diga e repita que estou em transição, e que tudo vai mudar, é tudo um mero clichê. A gente sempre está mudando, um dia e outro, e pronto, já somos diferentes. Então, por favor: Esteja comigo.

Agora, eu não tenho muito mais o que falar. Só escrevi pra lhe confessar, que continuo lhe querendo. E querendo apenas você. Não outros. Você.

Beijos. Um longo abraço. E alguma mordida no seu pescoço.

De sua querida (ainda) amiga, Jasmim.

Júlia Farolfi
Enviado por Júlia Farolfi em 28/01/2014
Código do texto: T4667603
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