Isto não é uma carta de amor I

Querido Rê,

Estava deitada em minha cama, em meu quarto, tão frio, tão longe, tão fúnebre. E pensava, e lembrava. Pensava e lembrava você. E naquilo que compartilhamos. Assombrava-me pensar o tempo.

E se o Tempo resolver levar as lembranças? E se ele sabotar nossa memória e nós nos esquecermos de nós?

Ah, nossos caminhos... fadados a se encontrarem nesse meio de estrada. E se o Tempo esquecer de me lembrar os nossos dias? Eu jamais entenderia o vazio desta ausência tua.

Você, que é tão singular... Você que é tão... Você. Não permita que eu te esqueça. Marque os meus dias. Faça dos outonos primaveras inesquecíveis. Leve-me, se fores. E então poderei dizer o que esperas que eu diga.

Ah. Rê...

Não quero ser hiperbólica, mas já escrevi mil cartas. E escrevo esta para não esquecer de lembrar. Para esquecer de esquecer.

Sempre vossa,

Dama Coroada.

Pâmela Carla Himmeôn
Enviado por Pâmela Carla Himmeôn em 29/03/2014
Código do texto: T4748680
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