Carta ao Desconhecido bem Conhecido

Eu sei que você existe, mas pode ser que nunca estejamos juntos.

Mesmo assim penso numa vida, assim... a dois.

Penso que gostaremos de conversar, muito e sobre tudo. E também sobretudo.

Sei que você também acredita que o diálogo é o mais importante na vida a dois, importante até mais do que o sexo. Pois quando ficarmos velhinhos o que nos valerá é a capacidade de nos comunicarmos... seja como for.

Vamos ver filmes - em silêncio - pois você bem sabe que odeio que converse nessa hora.

Vai me deixar bilhetes escritos a mão... E eu escreverei cartas pra você. Sempre.

Vai me chamar pra caminhar no fim de tarde, um pouco antes do sol se pôr. Justamente por saber que adoro estar na rua naquela horinha mágica que o sol se esconde.

Vamos sentar no banco de uma pracinha e planejar uma casa. Com 2 andares, janelas grandes, e uma varanda bem aconchegante. E vai construir pra mim um jardim, cheio de margaridas e girassóis, entre outras flores. Você até sabe que minha cor favorita pra essa casa é azul. Que por dentro quero algumas paredes coloridas e uma estante enorme para nossos livros.

Nessa varanda que planejamos, vamos nos sentar nas noites de calor e tomar uma brisa fresca. Vamos ler e discutir sobre nossos livros, vamos rir e inventar finais diferentes para os mesmos. E nas noites frias ficaremos dentro de casa, aninhados debaixo de um edredon.

Você já sabe que minha TPM é terrível e que meu humor é oscilante... e vai me amar sempre, mesmo assim.

Vamos viajar sempre que possível. Você vai me surpreender com um pacote de viagem para a praia num finalzinho de tarde numa terça feira.

Na sexta, vamos tomar vinho e eu vou cozinhar algo... pois na sexta eu sempre gostei de fazer algo especial.

Vamos andar de mãos dadas. Dedos entrelaçados. Infinitos.

Vai amar fazer amor comigo... Vai me tocar como se dedilhasse um instrumento sensível. Vai me beijar afetuosamente e vai dizer o quanto ama meu cheiro - e eu farei o mesmo. Não teremos receitas e nem coisas ou posições mirabolantes, mas será a melhor extensão do amor a dois que já vimos. Você vai respeitar meus dias ruins, vai acariciar meu cabelo até eu dormir, ou vai simplesmente falar algo que me faça sorrir. Pois você já sabe também como amo quem me faça sorrir.

Vai ser meu maior e melhor crítico das coisas que escrevo. Das sandices e também do sentimentalismo.

E vamos brigar.

Oh sim, vamos brigar, discutir e bater porta as vezes.

Mas sempre vamos voltar. Pois sabemos que a paz faz parte do Amor.

Ainda não nos conhecemos. Ou já?

Seja como for, é por isso que não lhe procuro mais. Não quero que nos percamos de tanto procurar.

E ao contrário do que você possa pensar... Eu não estou ansiosa e nem perdida. Estou em paz. Aprendi a conviver comigo e a espera.

Pode ser que nunca nos vejamos? Pode sim.

Mas desejo que em todas nossas andanças por essa vida... Um dia... Nossas mãos possam se esbarrar numa rua qualquer.

E ao nos olharmos seremos reconhecidos por todo o descrito acima.

~ Angélica Vespúcio

Angélica Vespúcio
Enviado por Angélica Vespúcio em 29/03/2014
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