Despedida

Hoje pela manhã meu peito foi invadido por uma dor silenciosa, essa que à dias já vinha me conduzindo aos poucos, mas que só agora sofreu um golpe fatal,pois, algo pontiagudo perfurou-me bem no meio do meu coração. Não é como arranhar a perna ou machucar o dedo, não se põe curativo no coração.... É tão profundo que fez todo o sangue escorrer por entre as entranhas até secar sem ao menos restar uma gota.

Prometi a mim mesma que não me permitiria derrubar nenhuma lágrima pela minha face,até por que elas já se congelaram em minhas pupilas durante os dez minutos em que o meu olhar ficou fixo,contido, vidrado olhando para o vazio o mesmo que ali começava a preencher toda a minha alma. Levei ainda alguns minutos para que meu cérebro transmitisse a mensagem para o meu coração que a esse ponto já tinha parado de bater por alguns momentos...

Está tudo congelado aqui dentro tenho a sensação de estar envolta em uma enorme pedra de gelo que me aperta e me sufoca constantemente. Quando olho o seu retrato não consigo mais proferir uma só palavra, aquele sorriso que logo emergia em meus lábios nem a base de tortura aparece mais e os pensamentos foram todos levados com o vento... Estou em meio a um devaneio imerso na minha plena solidão.

Quando tudo isso passar eu simplesmente não serei nem o reflexo daquilo que um dia fui antes , restará apenas um objeto como quem foi empalhado imóvel que ninguém nunca toca e quando ousa tocar o sente totalmente seco e frio.

Sintomas de um amor que esperava apenas a reciprocidade, eis que aqui morre a última esperança liberando assim seu último grito de agonia.