Amigo

Amigo?!

Ahhhh...

Deixo-te pensar que sim. Deixo-te ficar na certeza que sempre foi uma amizade. Em áureos tempos passados, lá pelos nossos 14 ou 15 anos. Na nossa época de estudante, na nossa flor da juventude.

As salas de aula, as cadeiras juntinhas, a classes coladas, os rabiscos nas últimas folhas. As carinhas e olhares, as mãos dadas sem maldade, nos abraços repentinos.

Ahhh se os corredores da escola falassem, quantos segredos eles revelariam!!

Não só os meus, mas de quantos que por ali passaram.

Lembro-me claramente do sinal tocando, e, eu ali a te esperar. Meu dia ficava completo quando te via entrar com o vento fazendo carícias em teu rosto, carícias que não me eram permitidas, mas que eu arriscava a tentar, com um leve toque no te entregar o caderno emprestado.

Amigo que por muitas vezes eu belisquei, mordi e arranhei.... Brincadeiras verdadeiras, que me davam prazer, pois só assim eu tinha o teu toque. Lembro-me de uma vez em que me colocaste contra a parede; pronto, fechei os olhos e esperei, esperei algo q sempre quis, mas nada veio, a não ser um leve sorriso me chamando de boba!!!!

Passaram-se mais de 20 anos, deixei adormecer esse sentimento, pois sabia que isso não aconteceria nunca. Que o tempo iria colocar tudo no seu devido lugar. O tempo passou, cada um tomou o seu rumo, fez a sua vida, tem a sua família, os amigos mudaram, histórias de vida foram construídas com os seus parceiros. A vida nos colocava frente a frente, talvez na intenção de nos aproximar de novo, mas é tudo tão vago. Um "Oi", "tudo bom?", coisas vagas...nada que pudesse fazer remexer no passado. justo porque lá tinha que ficar!

O destino as vezes acho que é cruel. Ao passar algumas horas conversando, as palavras vão saindo livremente, as lembranças vão se tornando claras, a saudade daquele tempo vai aumentando, e aí se descobre coisas que jamais poderia imaginar.

Ahh meu amigo, hoje já és um homem.

Um homem com o mesmo olhar adolescente e sonhador daquela época, um homem que....

Ahhh meu amigo, como sei que aqui não tens como ler essa carta, posso dedilhar o teclado e deixar escritas palavras que não podem sair da minha boca.

Por aqui deixo o meu desabafo, pois não tenho a quem contar as boas lembranças que passei na minha juventude. Quem sabe um dia eu venha por meio de versos ou estrofes contar o que realmente aconteceu!