PARA PAPAI NOEL

- Oi papai Noel, está tudo bem?
Já enviei tantas cartas e há vários anos, não recebi o meu presente... Era uma criança cheia de sonhos, a procura de um presente tão simples e educativo, mas até hoje estou esperando.
- Por que não passou na minha cidade e na minha rua?
Vou te ensinar o caminho e como chegar lá, prometa-me que irá lê, assim que receber. Moro na Rua Preciso Ser Visto, n° 10, Bairro Ninguém me viu, cidade Meu Brasil.
- Será que irá acertar?
Minha casa é simples, mas será bem recebido... Tenho vários irmãos, todos pequenos, estudamos... Já passou em várias cidades, aqui não chegou!! Minha casa não tem chaminé, tem fogão de lenha, cuidado para não se machucar e se sujar. Também não tenho sapato para deixar dentro, minha cama é o chão... Se vier deixa em cima da mesa.
Nos anos que escrevia, pedi um lápis e um caderno, mas esqueci que não tinha brinquedo, pedi um carrinho cheio de carinho, foram vários... Mas hoje só quero pedi paz, saúde, amor, carinho... Mas não posso esquecer que não temos hospitais, escolas e segurança, nem transportes... A estrada é de chão, dói meu pé por que ando descalço, coração é sofrido, acordo tão cedo, atravesso o rio com canoas etc, levo meus livros dentro de uma sacola plástica para a chuva não molhar. A verdade é dura, porém nos ensina a viver.
- Papai Noel, você existe?
- Hoje o que vou te pedi é uma ceia, uma cesta de natal... Com panetone e um peru.
- Aproveito que é véspera para não dormir e esquecer, quero também muito lhe conhecer. Posso?
A mãe atenta na forma como seu filho escrevia, sem saber lê, observava sua expressão, nas lágrimas que caia, saiu triste e melancólica. Sentou- se perto do rio que avistava a cidade e orou assim:
- SENHOR, senta aqui bem pertinho de mim, segura na minha mão bem apertado, não me deixe sozinha, vai lá na minha casinha e deixa o pedido que meu filho fez... Pois tem muito tempo, pedindo e nada chegar!
Sentiu um frio que congelava seus pés que tocava na água que balança para lá e para cá... Era uma massagem que recebia da natureza que se compadecia da angústia da podre mãe. Voltou para casa quase meia noite, as crianças já estavam dormindo, mas faltava o caçula. Não se preocupou, foi para casa do vizinho, quase irmã... Amanheceu e ao acordar percebeu que havia algo na porta, correu chamou as crianças para vê, era o pedido do menino sonho que acabou de acontecer, a cesta bem colorida e cheirosa, todos sorriram. Arrumaram a mesa de madeira feito pelo seu pai que havia falecido... Perguntaram:
- Aqui não tem como descer pela chaminé?
- Por onde veio o papai Noel? Mas existia um dos seus filhos que lia muito, catava livros que iam para o lixo e falou:
-Hunm acreditam mesmo que se lembrou de nós?
- Acho que sim!! Pois então vou apresentar a vocês o papai, espere um pouco. Saiu e se vestiu, não sabiam eles que seu irmão pescava e vendia peixes para estrangeiros, guardando o dinheiro, muito pouco, mas já ajudava nas compras, e se apresentou.
- Ho, ho , ho , que país estou?
Mas reconheceu a voz do seu irmão e falou: - É você?
A emoção tomou conta daquela família que não faltava amor, paz e desejo de uma vida melhor.
E até hoje, envio as cartas e ele não aparece, esse papai Noel é seu, não meu, disse o menino que continuava a aprender escrever e ler enviando cartas para o PAPAI NOEL...
- HO, HO, HO...
- Que país estou!!
- Feliz Natal família!!!

14:30**06-12-2014**jey lima valadares**itagibá


 
Jey Lima Valadares
Enviado por Jey Lima Valadares em 06/12/2014
Reeditado em 06/12/2014
Código do texto: T5060768
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