Após a noite

Esta noite eu não dormi bem.

Na verdade, eu nem sei direito o motivo. Ainda tá tudo tão confuso. Eu me lembro de estar lembrando de você, procurando alguma lembrança boa em que você não estivesse. Não achei. Quer dizer, acho que dormi antes de encontrar alguma. Essa noite foi uma daquelas em que tive um sonho ruim. Ele era tão real, que até agora estou em dúvida se eu estava realmente dormindo. Talvez sim. Você não estava nesse sonho. Nem na minha vida. Essa noite, ao acordar, estava com o corpo quente, a garganta seca e com vontade de ir ao banheiro. Eu não costumo acordar a noite. Mas hoje acordei. E estava frio. Acho que o tempo previu nossa conversa de ontem e resolveu deixar as coisas ainda mais melancólicas. O frio. Ele insiste em não deixar minha barriga em paz. Tem morado por lá desde que seus olhos pararam de me olhar com amor. Queria ser analfabeto nesse quesito. Ler olhos é uma merda quando o esse olhar não brilha mais por você. Talvez isso seja sina de poeta. Quem já viu um poeta que se preze ter um bom relacionamento? Apesar que, eu daria tudo pra me dar bem com você. Largaria minha vida de poeta só para ver seus olhos me falando mais uma vez que me desejas. Você nem imagina como eu daria tudo por isso. Eu ainda estou muito ferido com o que admitimos ontem, perceber que eu estava certo ao dizer que sou apenas uma zona de conforto, ainda me dói. Queria estar errado. Queria não ter pensado nisso. No fim das contas, continuaremos nossas vidas. Eu, continuarei a escrever e, sem dúvidas, continuarei a amar nos dois. Só que agora, terei de fazer sozinho.

24.03.2015

Gonzaga Neto
Enviado por Gonzaga Neto em 24/03/2015
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