O RETRATO DE CLARA

Catânia, ao por do sol da primavera de 2006

Amada Clara, como sinto a tua falta.

Não, eu não me esqueci de ti; a minha ausência é devida a fatos relativos ao meu trabalho. Trabalho que me rouba o tempo pra fazer o que eu mais gosto: falar, através das cartas, contigo.

Freqüentemente vou às bibliotecas das universidades para fazer pesquisas históricas. São assuntos relativos ao meu novo livro.

Gostaria de pedir tua permissão para usar uma tua foto, pra que eu possa emprestar a tua linda face à minha personagem Vitória, a amada de Henrique.

Esta personagem, doce como tu, em tudo me lembra teu modo de ser.

É por isso que te peço permissão, pois toda a Itália conhecerá o rosto de Vitória, sem imaginar que se trata do rosto da mulher que eu amo mais do que minha vida.

Fico esperando tua resposta, minha querida.

E tu? Como estás? Como transcorre o teu tempo livre? Eu fico tentando dar imagem a cada um dos teus movimentos aí no teu belo e distante país. Conta-me mais de ti.

Ontem eu transcorri o dia na casa de campo. Foi um dia longe dos meus livros e do trabalho. Posso dizer que foi um dia diferente da rotina que a vida me impôs. Esta minha foto junto à lareira foi feita de propósito pra enviar-te. Ela simboliza o calor do meu amor por ti.

“Ti voglio tanto bene”!

Quero terminar esta carta citando os versos de Salinas:

... E estou abraçado a ti

Sem pedir-te nada,

Por temor que não seja verdade

Que tu vives e me amas.

Teu Enzo

(Carta da série "Um Amor Siciliano", o romance que voltei a escrever depois de me reconciliar com alguns personagens.)

Hull de La Fuente = Claraluna

Hull de La Fuente
Enviado por Hull de La Fuente em 15/06/2007
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