Ao fim que você criou (resposta)

Oi. Há quanto tempo.

Antes de mais nada, perdoa o meu mal jeito com as palavras.

Não tenho o menor talento para isso.

Inclusive pensei em ignorar sua carta. Mas eu não poderia fazer isso com você. Nem comigo.

Eu sumi sem sequer olhar para trás, porque no fundo eu temia não resistir aos teus insistentes pedidos para que eu ficasse.

Decidi ir. Somente ir.

Porque com você, eu não tinha mais liberdade.

Tornei-me um pássaro condenado ao cárcere do amor por compaixão.

E eu sei, a gente sabe, que ambos não merecíamos isso.

Sua obsessividade roubou a cor dos meus dias.

Entrei pela porta da frente no nosso relacionamento.

Fui fiel a tudo que sentia. E garanto que não cabia em mim a quantidade de coisas boas que sentia por ti.

Mas nada entre nós era saudável. Talvez nunca fora.

Telefonemas que eu não podia atender.

Atrasos que você não queria ouvir minhas justificativas.

Compromissos de estudo e trabalho que você não acreditava que eu tivesse.

Sua bolha protetora me sufocou.

E me desculpe, mas eu não resisti.

Você menciona que morreu em vida, tudo bem.

Mas quem morreu mesmo foram os meus sentimentos.

Você os matou a sangue frio.

Um a um. Dia após dia.

Cada paranoia sua era como um tiro que eu tomava no meu peito.

Jamais te dei motivos para desconfianças.

Eu te amava.

E talvez ainda ame.

Não sei...

Não foram poucos os sinais que eu te dava na intenção de que você notasse todo o meu desconforto.

Contudo, a sua maior preocupação era vasculhar incansavelmente minhas redes sociais, o meu telefone, a minha vida.

E nessa sua batalha onde os maiores perdedores fomos nós mesmos, você esqueceu de lutar por mim.

Pelo o que eu sentia.

Pelos momentos incríveis que vivemos.

Pela história que construímos.

Entenda que o amor não existe para viver de algemas.

Eu fui integralmente amor.

E a decisão de abandonar a nossa relação também foi um ato de amor.

De amor próprio.

Um tipo de amor que você necessita bastante aprender.

Sobre nós, eu não sei.

Afinal, você sempre agiu com excessos quando o assunto são nós.

Me esforcei.

Insisti.

Larguei.

Desisti.

Posso até ter sido covarde, pois só eu sei o quanto sofri por ter aberto mão de tudo.

Eu não nego, fui feliz com você.

E depois desses meses do término ainda sinto falta da pessoa que eu conheci lá atrás.

Mas talvez aquela pessoa fosse apenas uma personagem e a verdadeira fosse a que tanto me maltratou.

Não vou mais estender.

Tampouco quero criar esperanças para nós.

Desculpe pelas feridas que causei.

As suas ainda estão abertas em mim.

E, sinceramente, não faço ideia se elas se fecharão algum dia.

Porque não consegui superar o fim que você criou.

Adeus.

Jey Leonardo
Enviado por Jey Leonardo em 03/07/2015
Reeditado em 03/07/2015
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