Carta de mais um mês
Rio de Janeiro, 14 de setembro de 2015
Oi querido, voltei aqui.
Sentada á mesa, em frente a janela, onde esta brisa da manhã me desalinha os cabelos, outrora ruivos brilhantes, hoje alvos e ressecados.
E quem neste fim de mundo olharia tão jovem senhora com algum interesse?
Já não penso em romances, nem os leio mais, aquela menina romântica morreu a quase um ano atrás.
Então vida, hoje faz mais um mês de sua perda.
11 meses que fostes arrancado de mim brutalmente.
11 meses de solidão,
11 meses de depressão,
11 meses de poesias,
11 meses sem rimas,
11 meses e eu morta-viva.
Não queria levantar-me, Toddy me obrigou, como sempre, pulando freneticamente na cama.
Ontem superdosei algum comprimido pois, ainda estou meio lerda e já beira as 10 da manhã, mas como estamos no inverno, está tudo nublado, até o céu parece estar se segurando para não chorar comigo.
Nessa semana suas tias me ligaram, o que mais me comoveu foi a irmã de seu pai, falando que eles repensaram e concordaram que eu ficasse no sitio inderterminavelmente.
Você acredita filho?
Tamanha loucura, antes faziam questão dele e agora, que destruíram minha vida, querem me comprar com este barraco velho e este punhado de terra.
Iludidos, logo irei embora não só daqui.
Amado de minh’alma, espero rever-te em breve.
Com amor, mamãe.
By Lilyth Luthor