Entra

Entra.

Entra e observa o que você fez aqui dentro.

Olha bem pra toda essa bagunça.

Idéias destorcidas na mesa, amores isolados nas gavetas.

Fotos suas por todos os cantos, me lembrando a cada segundo o porquê de toda essa bagunça.

Ta tudo errado, tudo bagunçado. Meio vazio, meio preto e branco...

Meio frio, como a última vez que te vi.

Meio vazio, como suas palavras.

Eu nunca te convidei pra entrar. Mas você insistiu tanto que eu deixei. E aos poucos, quando percebi, você fodeu a porra toda. E ao invés de consertar, não... Foi embora do lugar deixando toda a bagunça pra trás. Eu ainda não consegui arrumar tudo.

Algumas coisas eu ainda não consegui encontrar. Como a chave da gaveta dos amores isolados. Você levou consigo. Agora não consigo mais abrir essa merda. Como posso amar alguém de novo se você não me devolver a chave?

Porra, porque você tinha que deixar essa bagunça pra mim?

Me diz como se arruma isso.

Me desculpe.

Volte.

Me ajude a encontrar tudo de novo. Me ajude a arrumar o que você bagunçou.

E vê se quando voltar, volte com tudo. De vez. Pra ficar.

Só mais uma vez.