A chuva cai sem piedade, 
os galhos das árvores batem em minha janela,
gritam em um eco ensurdecedor chamando pela tua presença.

Já não estás aqui,
partiste tão cedo quanto chegaste,
e jamais saberás o vazio que deixaste em mim,
nem saberás o quanto te amei,
talvez como nunca foste amado.

Sinto um nó na garganta mas o pranto não vem,
ele partiu junto contigo naquela tarde,
em que teus olhos se fecharam para mim,
quando teu coração abriu-se para outro mundo.

Sei que me dirias, “não te maltrates”,
mas não há maltrato maior,
que levar-te no silêncio mudo de ti,
aonde existes só dentro de mim.
Atirando assim, pedras em todos os sonhos,
sem importar-se que se quebrem.

Não existem sonhos, se não existes tu.

Queria poder gritar como esses galhos,
rasgando o céu para chegar até ti.
Não poderias escutar-me,
teus ouvidos também se fecharam,
assim como os teus olhos.
Eu era apaixonada pelos teus olhos,
eles inspiraram as poesias mais bonitas,
de todas que já escrevi.

Quando eles se fecharam,
minha vida também se fechou,
o mundo desabou.
Perdi a vontade de sonhar,
meus versos se rebelaram,
minha voz calou,
eu apenas segui respirando,
porque a vida quis assim.

Partiste. Eu não consigo enterrar-te.
Para mim, em mim, segues vivo,
a sem vida sou eu.
Sem vida, sem sonhos,
apenas deixando o tempo correr como um robô, mecanicamente correndo contra o tempo,
com o tempo correndo atrás de mim.

Se mil vidas eu vivesse,
mil vidas eu daria para trazê-lo à vida outra vez.
Se no meu coração ainda eu sonhasse com o amor,
eu o arrancaria para dar-te de presente,
assim tu poderias amar-me,
voltarias a viver e, então, seríamos felizes.
Mas, eu só tenho essa vida, e esse coração.

E, mesmo sem sentir-me viva,
não posso fazê-lo reviver,
tampouco fazer-te amar-me,  
e essa impotência, é cruel, dolorida.

Assim, acabam-se os dias,
para recomeçarem outra vez,
na solidão que dá lugar a saudade de ti,
do que não poderei mais viver,
do pouco muito que vivi.

Os dias, trazem apenas um consolo, 
o desejo de que, aonde quer que estejas,
a tristeza tenha te abandonado,
a felicidade esteja estampada em teu rosto,
os teus olhos tenham aquele mesmo brilho,
pelo qual me apaixonei.

Que os anjos de amor te protejam,
te cuidem como o anjo que foste,
como a estrela que ilumina o mundo,
levando paz aos corações que amam.

Eu seguirei, tentando dar voz ao que me ensinaste,
sem tua presença, mas como vês,
- cheia de ti
.