Adeus... Boa sorte!

A vida é feita de escolhas... Acho que nunca soei tão clichê, mas o que é a vida se não apropriar-se de referências alheias para tentar traduzir o que pensamos ou sentimos? Ou ainda... Tentar vagamente traduzir “O que achamos que pensamos que sentimos”. Pensar X Sentir... Razão X Emoção... Realidade X Idealização... Gostar X Carência... Insegurança X autossuficiência... Caso tenha notado, exagero nas reticências, pois há tanto o que se organizar... Entre o que imagino e o que realmente é... Entre a coerência da escrita e a eloquência das minhas ideias.

Sim, sou complicada e gosto de analisar tudo. Agora mesmo me questiono: “Será que o que escrevo deve ser enviado ou simplesmente arquivado?” Dizem que quando escrevemos, escrevemos no intuito de que o outro a leia, contudo, também dizem que as melhores cartas são aquelas que não foram enviadas...

Ah, esses meus devaneios... Sempre banquei a realista, mas confesso... Adoro romancear o que não existe, sempre fui vítima dos amores platônicos e das histórias sem finais. Com o tempo me tornei colecionadora dos “E se, mas não foi”. Por que isso? Sei lá... Parece que é da minha natureza essa autopreservação.

Sim sou neurótica também! Não pense que minha postura seja resultado de inúmeras desilusões, na verdade nem se quer me permito vivenciar as ilusões que crio, são apenas utopias e suposições que distraem os pensamentos em dias de solidão, mas aprendi muito com a observação de experiências alheias, sei que não deveria, mas desde cedo me prometi que minha prioridade não era a vida pessoal e sempre deixei pra depois... Só que este depois foi se perdendo entre o tempo e as obrigações...

E de repente você enferruja e não sabe lidar com algo que desconhece, pois é... Relacionamento pra mim é uma grande incógnita que tenho tentado evitar constantemente, mas o acaso gosta de nos testar e vez ou outra aparece alguém querendo mostrar outra direção ou ao menos alimentar o imaginário, contudo, o encanto não vale nem ao menos o canto de tão rápido que é o desencanto, sempre me contentei com o podia ser, mas quando se aproximava de ser me esquivava e desistia. Por quê? Simplesmente por não saber lidar com a situação ou não querer lidar com a situação.

Você pode me julgar como assim preferir, eu também me julgo constantemente... Pode ser que eu precise de um psicólogo ou talvez seja da minha essência seguir sozinha... Sei lá, estou condicionada a seguir simplesmente.

Não, eu não estou apaixonada por você, mas parte de mim aprecia a ideia de gostar de alguém e compartilhar momentos; gosto de nossas conversas, temos certa afinidade, já me peguei pensando: “Talvez desse certo”... Entre tanto, não sei se temos uma química de verdade além de vãs suposições.

Não, não estou iludida, sei também que não está apaixonado por mim, realmente não me sinto a “ultima bolacha do pacote”, talvez o que tenhamos seja mera carência diante da busca de se encontrar alguém que realmente faça valer a pena a espera, ou simples curiosidade, ou ainda, receio do tempo que não para, enquanto permanecemos estáticos.

Mas não há interesse? Às vezes sim, da mesma forma que ocasionalmente temos interesse em outras pessoas. É claro que não é com toda pessoa que temos identificação, mas identificação não é garantia de sentimento.

Não sinto? Sim, sinto carinho e conseguiria manter uma amizade de longa data sem pretensão de evoluir além do que é oferecido. É claro que vez ou outra os meus devaneios criam situações fantasiosas para distrair-me da realidade e dar cor a monotonia. Talvez ao ler esta carta esteja rindo e pensando: “Que doida!” Concordo plenamente! É da minha natureza ver o que não há, peço lhe desculpas por isso.

Mas então qual é a minha? Sei lá, simplesmente não sei. Por que escrevo esta carta? Será que costumo escrever carta para todos os meus pseudos relacionamentos? Na verdade esta é a segunda carta que escrevo sobre minha vida pessoal, mas a primeira direcionada. Não espero que a responda, não tenho nenhuma intenção com as linhas traçadas, ou talvez tenha e não tenha me dado conta, vai saber as contradições do inconsciente.

Em todo caso deu vontade de escrever e escrevi... Sempre preferi à escrita e achei que seria pertinente como desfecho de uma história repleta de entrelinhas e abreviações... Mas enfim, não há tempo a se perder, perguntas foram feitas, respostas e posicionamentos cobrados... Talvez nem tudo tenha sido esclarecido e sinceramente, não será esclarecido, pois a vida é seguida pela duvida e não pelas certezas, mesmo assim...

Adeus e boa sorte já chegou a hora do ponto final. Fim.

Letícia Alves
Enviado por Letícia Alves em 13/11/2015
Reeditado em 14/11/2015
Código do texto: T5447784
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