Carta

Talvez eu não tenha mais idade pra escrever cartas para o Papai Noel. E talvez o passar dos anos tenha levado também a magia de acreditar que o Natal transforma as pessoas e contagia de paz todos os corações. Hoje o meu coração está menor que um grão de areia e sei que essa dor não é só minha, nem é só sua. Mas é justamente por ser um Natal diferente que hoje eu resolvi arriscar e acreditar que dias melhores virão. Escrevo pra você, porque sei que tudo que eu desejo de alma nua é com você que eu posso contar e porque mesmo que o Papai Noel recebesse uma carta minha, não entenderia como a senhora o que cada palavra minha diz.

Pra esse Natal, escrevo pra pedir que a cada dia a gente possa fazer as pazes com nossos sentimentos e que estes sejam sempre guiados pelo bem, sob os princípios que a gente aprendeu a construir. Pedir também que a gente não se abandone, nem do mundo, nem de nós mesmas, nem do Deus que nos guarda e nos guia. Pedir que a gente não deixe de sonhar. Que não deixe de acreditar que vai chover. Que não deixe de se emocionar com a beleza das coisas simples. Pedir que a gente converse mais, de forma mais aberta e mais leve, porque mesmo nossa cumplicidade sendo incrível e nossa telepatia não falhe, falar alivia dores emocionais, transforma realidades, abre espaço pra novas conversas. Pedir ainda que as saudades que ficam sejam preenchidas e transformadas em presenças, sem nunca precisar que estas sejam ignoradas, apenas sentidas de forma mais serena, pra que aquela tela que pintastes um dia, nunca perca sua cor, por mais que um dia pareça desbotada, em escala de cinza ou preta e branca, a gente inventa cores novas e se reinventa. Preciso de suas cores.

E pra não dizer que não falei das flores... que a gente deixe florescer e florir.

Obrigada mãezinha, por me ser sempre poesia. Te amo!

(Carta de Alice Alencar, minha filha)

Alice Alencar
Enviado por Socorro Pinho em 03/01/2016
Código do texto: T5499472
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