Mais uma dose

Fico recortando nossas fotos, aquelas em que me acho bonita sendo que tem você ao lado.

Não funciona, fico olhando-me sozinha e percebo que não está como desejado e por final apago a edição e te deixo.

Te deixo porquê você entorpece esse pensamento de que irei embora, me embriago com teus beijos e então eu fico.

Eu fico e ao mesmo tempo me vejo hipnotizada sem saber o que realmente está acontecendo, me pergunto se não foram palavras ao vento, mais uma daquelas histórias de romance, famosas por seu final feliz sendo que não existe tal feito tão belo e desejado, assim como também te digo sobre tantas outras coisas que julgo ser inexistente.

Você acaba sendo uma espécie de vinho que me faz sonhar e me desperta com uma tremenda dor de cabeça me perguntando em qual lugar estou.

Eu quis tanta coisa enquanto bebia dessa sua fonte insaciável e agora que quase tive uma overdose, a realidade me deixou em coma por um bom tempo.

Fui despertada, e não foi o alarme do meu celular as 5h da manhã me informando a hora de ir ao trabalho.

Foram aquelas coisas que via e deixava para trás enquanto virava o copo e nem se quer percebia que aquilo tudo me afogava.

As vezes sinto vontade de gritar ao garçom, mesmo depois de ter chegado ao meu limite, que ele por favor me traga mais uma rodada que enxa meu copo e deixe mais um litro ao lado pois gosto dessa sensação momentânea de que nada aconteceu.

Faço amizade com o pessoal ao lado, danço sem saber qual música está tocando e então vejo que sou a única ali naquela mesa chorando e me perguntando o porque, sem querer saber a resposta mas ainda assim insistindo em querer mais uma dose de você.

J. Andrade