RELEMBRANDO "CAUSOS".

Caro Marco Túlio,

Tive o imenso prazer de atender uma chamada telefônica do nosso amigo Davi de Medeiros Leite, companheiro e colega dos bons e velhos tempos do Banorte, relatando o fato de que o ilustre “camarada” estava escrevendo crônicas em uma revista, onde relembrava os tempos da “Família Banorte”, passagem de crescimento profissional para todos nós que ali labutamos arduamente.

Li. Como bem disse você, um passado cheio de boas recordações e histórias pitorescas que hoje fazem parte da memória de cada um daqueles citados na sua crônica. Quero dar-lhe os parabéns pela excelente memória, depois de tanto anos, descrevendo fielmente os fatos, passagens e locais de acontecimentos relatados nas suas entrelinhas.

Permita-me, porém (como um saudosista e testemunha desses velhos tempos), abastecê-lo com outras histórias daquela época, que por falta de espaço, você certamente deixou de comentá-las: quando você referiu-se aos lugares normalmente freqüentados nos finais de semana, com certeza o “Cantinho Bar” do então iniciante empresário (hoje bem sucedido) Ribamar de Freitas e o ASFARN também merecem o devido destaque, ou então você não se lembra que nós, já tendo “tomado todas”, resolvemos nos sobrepor ao som feito ao vivo por uma roda de samba, cantando somente uma música (cantando não: gritando!) do cantor baiano Moraes Moreira, onde se dizia mais ou menos assim: “... deixe eu te levar nas minhas ondas, deixe eu te levar em meus abraços; que nesse vai-e-vem que a gente se dá bem, que a gente se atrapalha...”, batendo com a palma das mãos na mesa, provocando um som absurdamente alto, porque não dizer, maior até que o som da roda de samba ali presente! Lembro-me e rio internamente da cara de poucos amigos do Ribamar nos pedindo até pelo amor de Deus que nós parássemos com aquilo, já que estávamos (literalmente) acabando com o show dos artistas contratados.

Lembro-me do Marco Túlio empresário, dono de um barzinho por trás do antigo casarão do Grande Hotel (tomo a liberdade de dizer que era um empreendimento difícil de dar certo – tanto do ponto de vista econômico, haja vista o “perfil” de quem estava por trás do balcão – quando do ponto de vista de seus freqüentadores). O Tibério e eu, depois de passarmos a noite de sexta por lá, tomando umas, resolvemos ir tomar outras na vizinha cidade do Açu, precisamente na Adega da Ponte, onde ficamos por lá até o cair da tarde do sábado, quando falei para o companheiro que deveríamos voltar (Tibério na época não sabia dirigir e mesmo que soubesse eu não seria louco o suficiente para deixá-lo dirigir de tanque cheio e meio), tendo o mesmo concordado, sem antes me prevenir que a “saideira” seria no bar de onde havíamos começado, ou seja, no bar de Marco Túlio!

Pois bem, ao sair de Açu (estávamos num fusca amarelo), Tibério foi “agarrado” por Morfeu e caiu num sono profundo, em boa parte devido ao excesso de álcool no organismo, deixando para a Providência Divina – em primeiro lugar – e, ao seu companheiro de farra – em segundo –, a tarefa de percorrer milagrosamente os 72 quilômetros que separam Açu de Mossoró. Pois bem, quase na metade de cá do percurso, por pouco não nos chocamos com um caminhão que vinha em sentido contrário ao nosso, tendo esse “aperreio” me deixado alerta até o seu bar. Ao chegar, Tibério – que ainda vinha dormindo – ao ser chamado por mim, saiu-se com essa: “- Valeu Raimundão! Você é piloto mesmo! Uma viagem tranqüila e rápida, nem deu tempo para tirar a ressaca!” Pode?

São tantas histórias, velho camarada! Também sinto saudades daqueles tempos onde tudo era resolvido com duas ou três cervejas, uns tira-gostos no Imperial e umas doses de campari na AABB.

Outro dia, vindo de Natal, ao chegar a Lages, veio ao meu encontro um Senhor de cabelos branco, muito distinto, chamando-me pelo nome: era o Ronaldo, hoje morando na capital e um advogado conceituado no meio. Apertamo-nos as mãos e falamos justamente desses saudosos tempos e eu fiz questão de perguntar-lhe se ainda era costume de sua parte tomar apenas duas cervejas – não mais que isso – por medida de segurança do bolso. Aqui pra nós: o homem era “seguro”. E por falar em Ronaldo, lembro-me bem do dia que fizemos uma “pegadinha” colocando em sua mesa de trabalho os números sorteados da loto, justamente os números que ele jogava todas as semanas, lembra? O Ronaldo saiu de “fininho” sem dizer nada e correu para a casa lotérica num pulo só! A sua volta foi hilariante!

Encontro-me mais freqüentemente com o “Dr Júnior Macarrão”, que continua aquele meninão amigo, sem malícia, brincalhão e boa gente, onde o abraço apertado é sagrado e como vão os filhos, a esposa, uma obrigação. Fátima Perez hoje é quase dona da Potyran Veículos (brincadeira, mas é na verdade uma excelente vendedora de automóveis da citada concessionária). O Gláucio (conhecido também como “João” – ele odiava esse apelido!) continua com o mini-box e de vez em quando eu vou lá botar os assuntos em dia, ou melhor, “cortar” alguns conhecidos (uma prática bastante cultivada por “João”, ainda).

O restante da turma vejo ocasionalmente, de passagem, sem tempo para uma boa conversa, vendo o tempo levando alguns para mais longe, outros fugindo na memória, mas, o que fazer? É a vida! Lembranças a Mazé (gostei do etílico-gastronômico-musical!), muita saúde, paz e bons momentos de felicidades na vida de vocês.

Um abraço amigo,
Raimundo Antonio


 



Obs. Imagem do prédio do Banorte/Mossoró, na rua Idalino de Oliveira, 106. Imagem da internet


22/10/2006.

Raimundo Antonio de Souza Lopes
Enviado por Raimundo Antonio de Souza Lopes em 07/07/2007
Reeditado em 04/02/2012
Código do texto: T555535
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