Num português errado

E de tantos “eu te amo” saiba que esse foi para você.

Não que eu tivesse dúvidas do que sinto ou do que quero, mas não minto.

E o verbo ainda se encontra num presente continuo, mas sem continuidade, pois o acontecimento está num pretérito imperfeito e eu também acho que o português é difícil.

Mas assim falando de amor, de tudo isso que todo mundo acha que sabe o que seja, fica fácil de entender.

E então te digo, que existem tantas formas de dizer que a amo, seja sem usar as palavras e as diversas formas de demonstrar tal sentimento num texto, seja copiando uma daquelas cenas de um dos filmes mais conhecidos e frases clichês que todo mundo sabe de cór.

O que há de novo e inesperado, além de belas frases, baseadas em sentimentos inexistentes que te dizem que todos os finais são felizes?

Nada meu bem, absolutamente nada.

E eu aqui falando que te amo usando uma gramática nada correta, e me perguntando se tem um jeito certo ao falar a alguém o quanto a ama, e se só falar adianta de muita coisa.

E ainda assim mesmo sabendo que amar é um verbo e de verbos nada sei, apenas aquele trio básico do presente pretérito e futuro. Faço dançar as palavras num português errado, numa concordância sem nexo, mas desde que você entenda o sentido, ainda assim sendo com esses meus gestos estranhos, te digo que são sentimentos.

Mesmo estando embalados numa língua qualquer.

Só toma cuidado com a vírgula, eu deixo os acentos ortográficos, a letras que faltam ou até mesmo aquelas em excesso, podem ser palavras erradas, palavras que nem se quer existem.

Mas, que sejam palavras que me levem a sentir isso que você me passa quando pega em minha mão e insiste em me olhar nos olhos no mesmo momento em que diz "eu te amo".

Saiba que tenho problemas com a vírgula porque elas te salvam, se colocada no lugar correto, mas também mata, se colocada no lugar errado.

E o que mais me assusta: você não precisa alterar a frase.

Sendo assim, encontro-me consciente e sei que por mais errada que estejam minhas palavras as vírgulas estão no lugar.

J. Andrade