Sem Remetente, Endereço e Destino

Aqui estou só, já se passam um pouco das cinco da manhã e eu já não consigo mais me manter tranqüila na cama.

Meu quarto está vazio e a casa também, mas a minha memória e a minha mala estão cheias de lembranças.

Eu parto sem querer, mas com a certeza de que nunca mais falarei do “mais que amor” que nunca pude dar-lhe.

Se vão também os poucos momentos que passamos e aqueles que sonhei acordada pensando em você.

Levo apenas olheiras, e a insônia dos dias e noites que só tinha visões onde lhe oferecia a você a minha vida.

Não vou embora, fujo.

Não alimentarei mais palavras que nunca irei lhe dizer e nem sentir beijos que não poderei mais lhe dar. Beijos que nunca mais recebi...

Escrevi uma carta poema que sei que nunca irei lhe entregar.

Dispo-me do meu amor, levo mais uma vez a minha vida e o meu orgulho que nos destruiu, mas que me recompôs.

Talvez um pouco de egoísmo também faça parte dessa mala.

Não me despedirei de ti, pois já não tenho nome nem endereço ou destino, deixo apenas reticências infinitas...

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