A futura cicatriz te diz "obrigada"...

Foi há um pouco mais de um ano que tudo começou, você sabe bem disso.

Conversas intermináveis, discussões construtivas e até planos traçados... Sim, foram momentos maravilhosos que você me proporcionou.

Mas quando ousei pensar que estava melhor do que nunca, desabou. Sim, a minha esperança estava em você, não posso negar. Sim, a minha confiança estava em você, apesar de ser menininha demais pra te dizer. Deduzi que era o certo, e aceitei viver...

Mas não lhe culpo: ver hoje o quanto já cresci em razão daqueles meses é gratificante, isso porque a dor me fez abrir os olhos e perceber o abismo que eu estava prestes a cair. Mais uma vez, a culpa não é sua: mas viver algo no tempo errado é andar deliberadamente no caminho do abismo eterno, portanto... Obrigada, novamente.

Sim, já quis ter novamente nossa (antiga) amizade, mas fiquei ciente da dificuldade que é. Então passei a entender - e viver - que, de fato, preciso dar um tempo, crescer em transformação, amadurecer. Também não posso omitir que às vezes ainda me dói um pouco, pois a cicatriz não está plena. Entretanto, - talvez seja paradoxal - tocar nessa cicatriz em processo a fortifica. Acho que nem sei explicar, mas é que toda vez que uma lembrança vem em minha mente, são construídas fortes camadas (que são indispensáveis no processo cicatrizante) no tal machucado - devo mesmo chamá-lo assim?

Tudo bem se não entender, é um pouco complexo e talvez nem seja necessário... Mas é imprescindível te escrever (e não há hipocrisias): a futura cicatriz hoje, de fato - ainda sente mas - já te diz "obrigada".

Isabela Uchôa
Enviado por Isabela Uchôa em 31/03/2016
Reeditado em 11/09/2016
Código do texto: T5590966
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