"EU QUERO ESQUECER"

Sinceramente não sei por que tive que levar um susto tão grande, quando na verdade todo meu interesse é de admiração pelo céu da minha linda Pinheiral.

Por várias noites olho o céu escuro sem lua com apenas uma estrela de tamanho avantajado a qual chamo de minha estrela solitária.

Na noite de 19 de abril de 2016 minha surpresa foi tamanha ao olhar para o céu e ela não estava lá. Apesar de tantas outras, mas não aquela especial que misteriosamente ficava sempre no mesmo lugar.

Então, cheguei à janela e para minha surpresa ela estava perto da maravilhosa lua, porém, do jeito que não dava para que eu visse da minha cama como de costume.

Fico até cismada de contar o que aconteceu porque na verdade quero mesmo é esquecer.

Recostada nas almofadas, na minha cama, uma estrela me chamou a atenção por estar próxima a uma casa que estava com as luzes apagadas e próxima ao morro.

Logo, passei a observá-la e mostrei para meu esposo que descansava ao meu lado.

Na verdade, chamei para que olhasse o céu e ele não quis, pois trabalha muito durante o dia e diz que não tem tempo para isso.

Mas, de repente, a estrela aumentou de tamanho e ficou brilhante de várias cores, aí, precisava que olhasse para que eu tivesse a certeza que mais alguém estava vendo. Foi inútil insistir, ele se enfezou comigo.

Eu já não o escutava pois a minha atenção e meus olhos ficaram grudados numa coisa tão grande iluminada por luzes vermelhas com muito brilho, e foi passando no tempo certo, que dava para ver bem que era uma coisa real e inacreditável. Logo, olhando sem parar e gritando meu esposo para que visse aquilo, me veio a preocupação instantânea com as duas torres que ficam no alto do morro, bem próximas à minha casa porém, do outro lado da rua. E todo aquele brilho que parecia um cristal gigante, rolava calmamente para quem quisesse ver em direção às torres.

Tamanho foi meu desespero gritando meu esposo e com pensamento zero, que as lentes dos meus óculos caíram e ouvindo ele dizer que eu era maluca, que não deixava o céu em paz.

Assim não vi mais o que aconteceu, não pude olhar a situação que estava o céu, pois fiquei tentando colocar as lentes mas sem enxergar não consegui.

Como se estivéssemos em sintonia meu filho ligou e contei pra ele que disse: Mamãe querida, minha mamãe são as sujeira nas lentes.

Liguei para meu irmão que assustado disse: Isso é sério. Vai olhar o quintal se as árvores estão lá. Minhas duas irmãs limitaram a dizer que as lentes estavam soltas.

Só sei o que mais me impressionou foi me ter sido tirado o direito de ver algo que acontecia naquele momento no céu. Como creio em Deus. Penso que foi melhor assim. Meu esposo levou meus óculos para colocar as lentes. Apesar de estar decepcionada com ele que me tirou o direito de ter a certeza se realmente vi.

Às cinco da manhã, cegueta, fui ao banheiro e voltando para a cama, sentindo um calor milhões de vezes maior do que o que sentia na menopausa. Deitei ao contrário para sentir mais intenso o vento do ventilador de teto, pois, não conseguia sentir meu corpo refrescar. E além disso ainda senti uma fisgada muito forte que tranformou em dor na nádega do lado direito.

Ao acordar contei para minhas irmãs, como brincadeira é claro, que eu tinha sido abduzida e devolvida às cinco horas da manhã com um chip para monitoramento.

Enfim, continuo olhando o céu e a beleza da lua.

Já não chamo a estrela de minha e ela já não fica mais no mesmo lugar de sempre.

E todas às noites passei a fechar a cortina da janela do quarto.

25/04/2016

Sonia Barbosa Baptista

Sonia Barbosa Baptista
Enviado por Sonia Barbosa Baptista em 25/04/2016
Reeditado em 25/04/2016
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