Carta aberta para Therezinha Cunha, “The”.

Carta aberta para Therezinha Cunha, “The”. Não escreveria nada sobre você. Você sabe não sou bom com as palavras, ademais sempre fui um aluno mediano em português. Minhas redações nunca brilharam ou obtiveram a primazia de uma nota 10. Talvez seja o ponto nevrálgico de minha timidez arraigada com o vernáculo. Não obstante, após tudo que ocorreu esses dias, uma voz interior me dizia, escreva algo mesmo que a timidez lhe aflija e o texto não lhe garanta uma estrela em português. Essa voz sussurrou me tirou da roça e das adversidades mundanas com incentivos e amor fraternal. Deu certo, mas podia dar errado, então perguntei a nossa querida The por que me ajudou? Não era uma indagação qualquer. A vida tinha me dado uma família com problemas e adversidades intransponíveis para uma criança comum. Como resposta tive um sorriso largo, farto e abrasador abraço, e uma resposta curta, que me fez refletir para sempre: “você era o xodó da minha mãe, Dona Floripes. Grande poetiza que me pediu para cuidar de você. Como negar o pedido de uma mãe”. Essas lembranças estão hermeticamente guardadas no meu baú. Todos os dias vasculho pacientemente entre as várias lembranças, busco-a como um artífice essa fala da nossa Therezinha Cunha. Esse anjo nunca me abandonou sempre aparecia lá na roça com uma caixa de bombom e bons conselhos. Eu e meu irmão Alex esperávamos ansiosamente, lá do alto da serra, percebíamos o carro margeando a matinha dobrando as curvas e atravessando a ponte. Pronto era o sinal. O som vinha da porteira da madeira. O rangido da madeira com o mourão batia como um sino de Belém nossos corações. O anjo voltara. A disparada era inevitável, pés descalços, diante do frio que era incontrolável. A correria aquecia o corpo e o sorriso do anjo o meu coração. Foi assim vários solstícios de inverno. A frieza corporal era afugentada pelo amor. Os difíceis caminhos mundanos viriam ao longo dos anos. Foram os caprichos do criador, as pontes sobre rios inóspitos, as estradas confusas, a escuridão e nevoa desconcertantes de indecisão, apenas capricho dos céus para colocar esse anjo ao meu lado. Assim como a partida do carro, a fumaça saindo da chaminé do nosso fogão a lenha, o azul cintilante da parede caiada de azul, os conselhos e as palavras do anjo ainda martelam e retumbam sobre meu coração. Deu certo! Já em Belo Horizonte, fiquei na sua casa inicialmente, obrigado pelo emprego que me arrumou como garçom no Restaurante Mosaico, pelas proveitosas conversas sobre sociologia e política, finalmente por tudo que fez pelo meu irmão e por mim. Essa carta não terá 10 em português, mas creio que apenas 10 em agradecimento! Ah! A eterna gratidão em nome do meu pai (Dito Cunha) e da minha mãe (Vita Maria) e Alex a inestimável ajuda. Por ler as minhas poesias e comparar as mesmas com as da vovó Floripes. Ah! Feliz dia das mães! Por fim, meu anjo vamos nos encontrar, sei que agora, está sobre a proteção da Vovó Floripes, Vovô Osório, Tia Pi, Pai Dito Cunha e de outros espíritos de luz.

Fraternalmente, feliz dia das mães de seu querido sobrinho e filho

Osorio Antonio da Cunha.

Osório Antonio da Cunha
Enviado por Osório Antonio da Cunha em 24/05/2016
Reeditado em 24/05/2016
Código do texto: T5646003
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