Carta a um amigo

Querido amigo,

Você me acusa de tantas coisas. Diz que sou uma pessoa má. Mas, você encarna bem o espírito deste mundo líquido. Eu, ao contrário, tenho minha essência, eu sei bem o que sou. Tenho consciência que tudo aquilo que trilho, que passo, que caminho ou que escolho, terá uma contribuição no meu Eu, no meu sujeito, no meu jeito ser.

Você, ao contrário, não consegue se apegar a algo. Não tem pelo que lutar. É tão vazio quanto o vento. E por mais que tente, com inúmeras distrações, não consegue preencher o vazio que tem dentro si. Não sabe por aonde ir, nem tem para onde chegar, ao contrário de mim.

Meu caminho pode ter obstáculo, eu posso dificultá-lo às vezes. Mas, querido, eu sei bem o que sou; eu sei bem o que quero; eu sei bem o que busco; eu sei bem o que escolhi; eu tenho pelo que lutar; eu tenho pelo que viver. Isso não quer dizer que eu não faça escolhas, ou que já tenha um Eu constituído. Não se engane eu não tenho. Nada é natural em mim.

A única coisa que o ligava ao moderno era a política, mas você desistiu diante do terrível contexto de desesperança e de ilusões que este país se encontra.

Agora você não tem pelo que lutar. Desculpe-me se de alguma forma eu atrapalhei o seu caminho. Não era a minha intenção, as coisas foram acontecendo, não me acuse de ser proposital, porque não o foi.

Lute por algo meu amigo! Queira algo! Busque algo! Viva por algo! Não desista tão fácil! Não seja tão negativo! Não deixe a desesperança de este tempo atingir você. Mas, não queira a constância. Seja inconstante, mas busque ser coerente a algo!

Sua estimada amiga.

Carmen Rosa de Jesus
Enviado por Carmen Rosa de Jesus em 26/02/2017
Reeditado em 26/02/2017
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