Luz do Sol

Com a luz do sol, vejo que carrego sombras e madrugadas vazias. Artérias minhas existem em sumo. Expostas em carne noturna e dias. Viro os olhos para dentro, viajo mais profundo nas minhas entranhas em um mar vermelho sangue. Me procuro em frestas e teias de aranhas. Saio de tarde, dentro de mim, a claridade já não me cega a vista escura, existem luzes profundas sobre as montanhas de brita. Sorriso da minha moribunda tristeza fria vasculhando meu mundo tão pequeno que atravessaria uma sílaba. Não ligo se consertar o que estragou. Nem do silêncio querendo fazer amor do tornar a nascer sem for. Não ligo das visões desbotadas antes bela agora fria aquarela dos longos dias nem ligo do olhar da íris nem pelas escolhas dos amores, dos ventos, perfumes das flores. Nem do meu olhar, Da tentação, desejar. A porta abriu não deixou passar saudade. Rangeu as dobradiças dos umbrais encolhendo ar da liberdade, porta maldita, estou medo da tua fechadura, do buraco a chave dura deixa-me uma fresta de luz, raios, se tiver a eterna lua não te abro a passagem expurgada, sou fiel enclausurado dos parafusos, miragem dos pregos e moagem. Existe o tempo de nascer e o de morrer entre os dois o homem e seu tempo

Que vai desde o viver ao não viver a boca com que me lamento da carne com que sangro sinto-me como o sal que choro o desprezo por tudo, pois Deleito-me a fronte da sombra Que repouso não da forma vaga Do meu raciocínio pesadelo.

demetrioluzartes