Tentando responder a pergunta do amigo Gustavo:

Em primeiro lugar, quero esclarecer que nenhuma manifestação artística, seja ela qual fôr, conseguirá agradar a todos. Sempre terá seus críticos e seus apreciadores. Ouvi pessoas criticando o último trabalho do Luiz Marenco, pois ele estava inovando e saindo um pouco da sua linha. Também conheci críticas ao trabalho do César Oliveira e Rogério Melo, devido a que eles não inovavam e continuavam cantando a mesma coisa sempre. Como podem ver, é muito difícil conseguir uma homogeneidade no agrado dos ouvintes.

Em segundo lugar, quero que saibam que a opinião do Antônio Tormo (baluarte do folklore argentino: ”El cantor de las cosas nuestras”) com respeito à SOLEDAD, LOS NOCHEROS e à nova safra de folkloristas, por assim dizer, era de bom grado, posto que estes viriam a somar. Li outras opiniões, porém prefiro a do Tormo.

Com relação a LOS NOCHEROS é necessário distinguir e entender a evolução do grupo, desde seus primórdios no ano de 1986, em Salta, província argentina, até hoje 2007, com dez discos lançados ao longo de 21 anos de carreira, o conjunto é internacional (América do Sul e Europa). No início, era um grupo folklórico extremamente clássico, que tinha seus referenciais em LOS CHALCHALEROS, LOS FRONTERISOS, LOS DE SALTA, LOS CANTORES DEL ALBA, LOS NOMBRADORES, DANIEL TORO, etc. . Após regravações de inúmeros clássicos do cancioneiro argentino e de lançarem novos temas, o grupo começa a mostrar uma forma diferente de arranjos nas suas músicas, caracterizadas pela presença de instrumentos mais modernos, como sax, teclados, etc. . Quero ressaltar que a sua obra nunca se descaracterizou por causa disto. Algumas músicas não ficaram tão boas quanto outras, porém isto é uma questão de apreciação. Resumindo: gosto muito do trabalho realizado por esse grupo “LOS NOCHEROS”.

Na minha humilde opinião, como músico, acredito que a utilização de instrumentos musicais mais modernos deve ser realizada com parcimônia, porém não a veto, pois ela está diretamente ligada ao grau de sensibilidade do músico criador. A música nativa, o nosso folklore, enquanto não perder a essência, só tem a ganhar com o aporte de novos instrumentos musicais. A linha que limita a descaracterização é muito tênue, temos que ter muito cuidado. A responsabilidade estará a cargo do músico. Só ele conseguirá seus críticos e seus fãs!

Um abraço a todos.

César Sanchez