No infinito de um mar escaldante

Não faz muito tempo que me afoguei em meio a tubarões de um mar profundo e infinito.

Nessa noite, sonhei que esse mesmo mar queimava de tão quente, suas criaturas rondavam meu sonhos e rodeavam minhas angústias.

Eu chorei quando acordei afogado, em chamas, resoluto dessa solidão salgada e cinza.

Nessa mesma noite meu pulmão foi preenchido por este mesmo mar gélido escaldante. Fiz parte de suas profundezas e desbravei criaturas desconhecidas e também solitárias.

Acontece que como parte de todo sonho acordei, mas, metade de mim era água, a outra, fogo. As mesmas criaturas que rondavam meus sonhos permaneceram reais quando abri os olhos.

Já não sei mais se morri naquele mar e ressuscitei nessa terra escaldante...

E já não quem sou: mar revolto, brasa que sufoca, criatura que ronda estes sonhos ou, pior, se sou peça inacabada, afogado nas profundezas desse mar sem fim.

Thiago Leão
Enviado por Thiago Leão em 06/04/2018
Reeditado em 06/04/2018
Código do texto: T6301006
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