De Mimita para Chechel

Queriiido,

tempo demais sem ao menos uma linha entre nós...! Quase até chego a perder a voz. Não é mesmo silêncio atroz, após ser pega pelo cós? Poemia à parte, não tenho visto publicações tuas no terreno mágico e fágico da lixeratura... Mas te releio sempre que posso. Ainda estou por descobrir, contudo, quem é a musa de tua Anônima Intimidade...Além de Chela, é claro.

Pois é, embora afastada do proscênio, a única certeza que tenho é de que a ele voltarei logo para passar a faixa ao meu IndIgnácio sucessor. Agrade-se ou se desagrade. Afinal é a unanimidade de uma metade que uLula, e bestimula. Espero que estejas presente, atento como de hábito e a não mais do que quatro metros em retro-sena, em prontidão para qualquer emergência. Sobretudo na hora a gás que, contumaz, costuma desacatar e atacar por trás.

Tenho sobrevivido com os minguados recursos provindos desse meu afastamento que, por insuficientes, impõem-me dura busca de emprego alternativo. Por ora e à hora, venho dando aulas de francês, que, como sabes foi muito exaltado por Nicolas Sarkozy, aquele pequeno notável.

Para completar-me no lado sentimental venho tentando uma aproximação com o Gandrinha, moço de refutação inabalável, temente a Deus e ao Trabalho. E casadoiro. Um brinco de sutileza, decência e promissão. Quem sabe, quiçá, tua Chela poderia passar-me a receita de quibe e esfiha para que eu possa seduzirl, inicialmente, de forma papilo-gustativa o interesse do mancebo em questão?

É uma pena que estejamos apartados esse tempo todo, nós que formamos uma chapa indivisível, e que chapas continuamos nossa jornada cívico-republicana. Culpa disso tudo contudo é do péssimo estado de nossos Correios que levam anos para a distribuição da correspondência. Os cães ladram, mas o estafeta deve sempre passar. E cartas dar. O Bessias é na verdade um mensageiro de truz mas anda por demais atarefado.

Soube que estiveste ontem no Largo do Paissandu para prestar solidariedade aos infelicitados da ruína do prédio. É difícil a compreensão humana num momento de tragédia. Mas o povo vai compreender. E temos que manter isso, viu?

Baci pieni di nostalgia,

Mimita

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 02/05/2018
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