Carta a um desconhecido

Quisera ter para quem escrever e a quem expressar o que me vai na alma. Quem eu tenho, não posso dizer o que sinto, porque é surdo. Lanço as palavras ao vento e o eco retorna mudo. Esforço-me com a mímica, mas, infelizmente, nada pode ver. Toco-lhe a pele fria e minha mão fica arrepiada; retiro-a rapidamente. Quisera ter a coragem de tentar novamente, mas o tempo passou e não fiz. Agora que mudei de idéia, não posso mais, porque se foi.

Se eu pudesse, eu diria:

Amor:

És a perfeição em forma de gente. Teu físico de Adonis encanta-me a vista e alegra meu coração. Teu intelecto dialoga com Einstein e deixa-o confuso e sem pistas. Orgulho-me do teu argumento. Tua moral reta e a ética perfeita, faz de ti um paradigma, a ser seguido. Teu sorriso luminoso faz a noite virar dia, ao contrário do eclipse. Teus olhos claros são duas pedras preciosas, que ambicionaria possuir no meu baú de jóias. Gostaria de ter tuas mãos, de dedos finos e longos, entre as minhas. Teu nariz grego, me faz ter vontade de ir conhecer o Parthenon. Teu coração amoroso, eu adoraria que confinasse o meu, no seu interior. Mas, és um pássaro em vôo solo e logo decola do lugar onde estou. Vai para algures, bem longe de mim. Que altivez, como abres estas asas e te elevas do solo. És um rei, um soberano, um títere, que meu coração anseia e minha alma aspira em possuí-lo. Mas, além de todos estes título, és uma quimera, um sonho, uma ilusão.

Gilda Porto
Enviado por Gilda Porto em 16/09/2007
Código do texto: T655071
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