Gosto de sensualidade transbordando em delicadezas

Carlos, por acaso você não se enxerga em todas as entrelinhas do texto?

Eu só uso as palavras para transformar o ato do fato em conto.

Você Carlos, nem se quer percebeu a importância do seu papel e de como pode me proporcionar o melhor dos textos.

Literalmente Carlos, eu sou movida e essa vidinha de caça palavras e no dia que eu te decifrar eu vou te escrever melhor, ai sim, eu não te deixo ir, nuca mais.

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Carlos, enquanto você prepara a sua vida para promessas futuras, eu sobrevivo com meus contos.

Como pode você, ter tantos planos futuros e a inocente ilusão de ter tempo suficiente para realização de todos eles?

Sabe o que eu acho mesmo Carlos, você deveria promover uma mudança radical em seu estilo de vida.

Você anda vivendo ou sobrevivendo?

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Carlos, essa noite eu dormi mal, fiquei com pensamentos soltos e tentando colocá-los em uma ordem natural e cronológica dos fatos. Tem hora que é preciso guardar essas “coisinhas” numa caixinha decorada e colocar lá no fundo do armário.

Será que só agora eu entendi que não posso ser um amorzinho virtual?

Meu mundo real está incompleto e eu não estou sendo justa comigo mesma Carlos.

Eu não sou assim... Os sentimentos me permitiram estar assim...

Eu vou ficar bem, mas com os pés no chão, Frida Khalo estava errada, eu não tenho asas, pés não foram feitos para voar.

Engraçado, você que tanto me prendeu aqui, ali, nas palavras e pensamentos, hoje adota a sutil arte de me mostrar que tudo é questão de valoração do momento e de escolhas. Você faz as suas, eu as minhas, e quando elas são distintas, cada um fica de um lado do planeta.

Eu não quero pensar mais nada, entender você é a coisa mais difícil do mundo pra mim, você é uma incógnita no meu sistema bruto de vida.

Ah ! Carlos !

Faltam-me palavras para educadamente te dizer, Não Carlos ! Eu não sou mais uma para ano que vem , talvez ! Você está enganado, eu não sou mais a mesma, e nem se quer tenho tempo para encontros imaginários distantes, eu me recuso a concordar com escolhas que não me fazem feliz.

Na pureza, você Carlos, por favor, guarde a minha melhor imagem, a de tocar dedinho mindinho com dedinho mindinho e te fazer perder o mundo, só essa cena basta, para um dia contar aos seus, e as suas e a todos.

E eu, bem, eu guardo a outra parte, a folha virada de um livro que eu mesma escrevi, com meu olhar de autora e personagem principal.

Carlos, se isso não é amor, o que pode ser?

Página em branco, eu vou seguir daqui.