DO ALFA AO ÔMEGA

O título remete ao início do término. E para uma amante como eu, tanto de nós dois e como das escritas é que não poderia deixar passar esta página em branco, ainda mais sendo essa em específico a mais especial.

Alfa porque foi aqui onde dei origem às minhas dores escritas no ano de 2008, porém, pela decepção e dor sentida na época, deletei minha escrivaninha e só retornei em 2012 como Anne Provisória. Voltei para terminar uma obra inacabada em mim, ou seja, um amor que ainda possuía seus escombros e estilhaços no solo de um coração onde não poderia mais nada ser erguido de concreto sobre ele, a não ser, claro, poesias. Como bem descrito em meu perfil: é aqui onde venho visitar a minha dor, é onde me destruo e reconstruo tudo.

As duas primeiras cartas neste meu recanto relatam isso, inclusive, a escolha e o porquê do pseudônimo. Sou uma amante das metáforas, das entrelinhas, das reticências e do simbolismo. Nenhuma palavra, nenhum título, nenhum símbolo, nem mesmo as fotos de perfil, apresentadas aqui são fatores aleatórios, ao acaso, ou desconexos. Tudo se conecta com todas as coisas, onde na maioria das vezes é no mínimo dos detalhes que pode ser encontrado o hipocentro dos abalos.

Como por exemplo, agora mesmo esta palavra "hipocentro" faz alusão à palavra escombros mencionada no início e que logo me remete ao motivo pelo qual escrevo: o fato de sentir-me destruída e assim procurar uma saída e finalmente chegar ao fim. Entretanto, por estar diante de um fim que não é qualquer ou de pouco abalo, optei por começar de forma eufemisticamente falando, do próprio começo. No intuito de seguir à risca meu propósito íntimo e pessoal de rever a origem de todos os meus começos e findar por definitivo todos os meus fins.

De cara pode parecer algo irrisório, ainda mais diante do cenário mundial atual, falo do codiv 19. Gostaria muito de estar em outro patamar e escrever acerca do assunto, com o propósito de contribuir com informações importantes que penso saber sobre o assunto. Peço perdão pela fraqueza de não poder fazê-lo, porém sem ser pessimista mas sim realista, intuo que ao findar este último ciclo amoroso, a desgraça ainda fará parte da história da humanidade e ainda será nossa realidade, só que de uma forma diferente e pior.

Como cada um lida com suas dores com as ferramentas que possuem em mãos, e sendo a minha, apenas uma máscara que foi quebrada, começarei novamente como no início, mudando o pseudônimo, pois certos fins só podem ser obtidos de dentro para fora. Outrora, Anne Provisória, improvisada e temporária até colocar tudo para fora sobre Daniel, vulgo Daninho Provisório, que também vinha chorar suas dores de parto neste recanto por Kelly e de Kelly mesmo.

Apresento-me agora e até desaguá-lo por completo, como Anne Rodion. Ele, o ômega da minha trajetória como rio, pois permanecendo nesta forma, choro. Minha pretensão é a mais óbvia, percorrer o meu caminho até o mar para só assim fundir-me na infinidade do oceano, para que seja desperto finalmente, todo esse potencial aqui dentro sequestrado.

A foto do perfil também será mudada, não usarei máscara, visto que a mesma se encontra em minhas mãos e não em meu rosto. A dele ele conseguiu destruir por achar necessário, mas a deixou partida em minhas mãos. Pois então, eis-me nem de perfil e nem apenas um olhar como no início. Mantendo-me fiel ao mistério contido na simbologia da máscara, termino de costas, uma forma diferente de ser uma face misteriosa. Uma face totalmente voltada para o sol, no qual firmo uma remota esperança de iluminar o meu caminho nesta trajetória.

Não há e não haverão pontas soltas aqui. As cartas são aberturas de portas e as poesias, caminhadas e passagens por elas. Deixando ele a máscara quebrada comigo sozinha no paraíso, tenho a pretensão de também me desfazer dela. Enfim, farei minha egrégora chorando cartas e derramando poesias, dignas dele e de mim. Dignas de "um crime e de um castigo".