A Coruja

Oi, mãe. Sonhei com aquela coruja na janela outra vez. Crianças abandonadas no quarto. Depois, eu estava numa espécie de estação de metrô. Era escuro e muitas pessoas estavam acordadas, drogadas. Eu corria procurando a saída, mas parecia um labirinto. Fui correndo mais rápido e meu corpo foi ficando pesado, em câmera lenta. Não consigo descrever o medo. Achei a saída. Um homem não quis me deixar ir embora, mas outro gritou ordenando que eu fosse. Quem eu sou? Voltei para casa. As crianças dormiam no berço da minha infância envelhecida. Eu nunca gostei dessa coruja, lembra? Ela insiste em me visitar. Temo que minha cabeça seja aquele labirinto sujo e frio com várias de mim enlouquecendo acordada. Só não esqueça de fechar a janela antes de dormir, minha amada.