ADEUS

Hoje me peguei revendo suas fotos...

retratos e pedaços de você que eu guardava

só pra não esquecer do seu sorriso...

Hoje, quase como uma rotina, eu pensei em você,

lembrei dos nossos momentos,

das vezes em que “fizemos amor”,

daquelas em que ríamos juntos,

até das discussões lembrei...

E ao lembrar, guardei todas as recordações numa caixinha

e tomei cuidado pra fechar bem direitinho

para que elas não voltem, como sempre,

feito uma mágica e me faça assistir, mais uma vez,

o filme de tudo que não deu certo...

Pelo menos não teve final feliz...

Então, achei que deveria esconder essa “caixinha”

num lugar bem escondido.

Quem sabe atrás da estante?

Ou dentro de um pote de arroz?

Ah, ótimo! Vou cavar um buraco bem no quintal...

Decisão perfeita!

..eu acreditava ser...

Mas ainda que enterrada sobre a terra e lacrada,

não sei como as recordações, tão bem presas,

saíram uma a uma...

Tentei recolocá-las, mas quanto mais eu tentava prendê-las

mais elas teimavam em impregnar minha mente, minha alma

E tirar todo o meu sossego...

Pseudo-sossego talvez...

Mais forte que eu, deixei que todas elas me imbuíssem,

Me invadissem e aceitei revê-las...

Ainda me doía...

Ainda dói...

Talvez eu consiga apagá-las aos poucos...

Quem sabe, enjoo de tanto lembrar?

Resolvi olhar com os olhos de quem assiste a um filme qualquer...

Que se emociona, que se surpreende...

mas sai do cinema capaz de continuar a vida independente dele.

Ainda lembro...

Ainda choro...

Mas agora sei, que assim como os filmes,

um dia nos esquecemos de algumas cenas

e decidimos ver novas, refazê-las...

Então, acho que vou conseguir remontar esse roteiro de lembranças

e transformar esse agora triste num passado aceito

para que eu possa criar novas cenas,

com lembranças renovadas para o meu próximo futuro.