Carta para uma psicopata.

Décadas atrás, quando voluntária num centro de prevenção do suicídio em São Paulo, tive que estudar e assistir algumas palestras a respeito de psicopatia. Naquela época, ainda muito jovem, não cheguei a me impressionar tanto com esse transtorno. Achava que seria algo muito distante e que, por algum motivo, eu estaria longe dessas ameaças.

O jeito jovem de pensar é limitante, pois limitada é a sua própria história de vida. O que são 20, 25 anos em termos de experiências e de entendimento do humano? Hoje sei que isso é muito pouco.

Anos atrás fui vitima de uma colega psicopata. A princípio, lógico, eu não sabia. Quando chegou como nova professora ao colégio, eu a recebi com carinho e atenção... mal sabia o que haveria de me acontecer...A propósito, não gosto da palavra “vítima”, até porque fui novamente estudar o assunto e compreendi perfeitamente que não havia nada o que fazer diante de uma pessoa com esse transtorno mental. Pior: eu estava atravessando um momento de intenso sofrimento pessoal, vulnerável, com o coração aos pedaços por problemas particulares insuportáveis, numa mistura de desilusão, despreparo com situações amargas, medo e muita, muita solidão.

Pior impossível para mim. Para ela, melhor impossível.

A psicopatia é um transtorno psicológico caracterizado por comportamentos antissociais e impulsivos, além de desprezo e total falta de empatia para com os demais. A pessoa psicopata tende a ser bastante manipuladora e centralizadora, apresentando comportamentos egoístas, extremamente narcisistas e não se responsabilizando por nenhuma de suas atitudes. Sua capacidade de dissimulação é absurda e absoluta e a pessoa tem doutorado em manipular fingindo preocupação e compromisso com aqueles de seu interesse para manipulação.

Essencial a leitura do livro da Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva intitulado “ Mentes perigosas – o psicopata mora ao lado”. Recomendo.

Mas fui vítima de uma psicopata sim. Manipulando alunos contra mim. Soube que ela não admitira jamais que alguém lhe fizesse sombra. Mas quem sou eu para fazer sombra a alguém? Apenas fazia o meu trabalho como professora de História, com a obrigação de estar sempre estudando, me atualizando para partilhar conhecimento. Simples assim. Mas para a Cris isso era demais. Sabia agir pelas costas qual uma raposa velha e recalcada, manipulando à boca pequena sempre às escondidas, fingindo trabalho competente e responsável. Juntou-se a uma coordenadora de segmento que era desprovida de uma grande bagagem cultural e que só tinha esse cargo em função de o marido ser um habitual e histórico adulador da direção. Pronto: estava "de colher", como dizia a minha sábia avó.

Sofri muito nos últimos tempos de magistério por conta de uma psicopata. A psicopata Cris. Assim que obtive o meu direito à aposentadoria voltei chorando para casa tamanho o alívio, exibindo a carta expedida pelo INSS.

Sei que ela, a famigerada colega e a coordenadora que falava um Português incorreto e acreditava que existia religião oficial no Brasil (ops! Mas ela era graduada em História... eta nós!) fizeram festa quando saí.

Obrigada, Cris e Berenice! A punhalada que vocês me deram me fez forte, atenta e mais cuidadora de mim. Saí do colégio, depois de 25 anos de dedicação e montei meu consultório de terapeuta, fiz curso completo de Homeopatia Clássica, fui praticar Tai Chi Chuan, fazer trabalho voluntário na pastoral da Saúde, entrei numa escola de música, passei a escrever mais, a ler mais, aprendi a esculpir, a pintar e fui viver intensamente e feliz bem longe da miséria moral de vocês e também da sua secretária, Ana Paula, igualmente no top da pobreza de caráter.

Hoje fiz um bolo comemorativo pelos dez anos da minha aposentadoria. Com recheio e cobertura.

Sou feliz porque não fui e não sou como vocês, assim pequenas, mínimas e sem graça.

E tem mais: aprendi com vocês a perdoar. Vocês não valem uma lágrima, um minuto de tristeza, um segundo de decepção!

Obrigada, garotas.

E aos ex-meus alunos que entraram nessa, que sofreram a sordidez da manipulação sem ter a ideia do que seria isso, espero que jamais voltem a cair nas garras de uma psicopata. Que saibam se defender e não agredir gratuitamente quem se esforça pela vida e pelo sucesso de vocês, incansavelmente. Desejo boa sorte a todos.

Fui.

Vera Moratta
Enviado por Vera Moratta em 29/11/2020
Reeditado em 30/11/2020
Código do texto: T7123532
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