A vida é uma viagem

Obs. a carta foi escrita no dia 04/07/2004 e não foi enviada; revirando papeis antigos eis que a encontro; resolvi publicá-la.

Carta ao Sr. G

Caro Sr. G.

Desde os 4 anos de idade frequento ...

Dia desses ouvi uma analogia feita pelo Sr., que achei bastante interessante: que a vida se assemelha a uma viagem de trem, e que cada encarnação seria uma estação.

Isso me chamou especialmente a atenção porque costumo fazer uma analogia semelhante, só que em relação à vida terrena, ou seja uma única encarnação.

Costumo pensar que a vida terrena é uma viagem permanente ora de trem, ora ônibus, etc; descemos de um passamos para outro, ora um ônibus, ora um metrô, às vezes um avião, e, num futuro talvez próximo, até uma nave espacial. (obs me parece já estão acontecendo as viagens espaciais turísticas)

E as pessoas? Ah! Sim! As pessoas é que fazem a diferença!

Há umas que sentam ao nosso lado, nada falam, deixam um boa impressão e vão embora.

Outras há que se sentam, são simpáticas, conversam frivolidades, coisas amenas, mas que ajudam a passar o tempo.

Também há aquelas que sem querer saber quem somos, ou se estamos dispostos a ouvir, disparam a falar das próprias particularidades, da própria vida, sem nos dar oportunidade sequer de dizer "a"; quando saem nos deixam com um misto de perplexidade e alívio.

Há umas que se tornam nossas amigas e fazem conosco o mesmo trajeto por um bom tempo.

Quando saem, deixam saudade, um vazio que às vezes rápido, noutras vezes demorado, outras veem preencher; mas nunca da mesma forma como elas mesmas o preenchiam.

Há aquelas que ao nosso lado, exalam um perfume que nos faz querer que elas permaneçam o maior tempo possível; às vezes não falam nada e vão embora rapidamente deixando-nos uma agradável impressão, o que faz o nosso percurso mais confortável.

Já outras chegam com odor tão desagradável que nos faz por vezes até mudar de lugar, incitando em nós o desejo de que ela logo saia do nosso ambiente (vida).

Há aquelas predeterminadas a serem companheiras permanentes; às vezes elas fazem uma viagem ao "exterior" primeiro que nós; se foram boas ou más companheiras, sempre nos causam mágoa e tristeza quando se vão.

Umas há que escolhem ser nossas inimigas; fazem questão de seguir no mesmo trem para nos perturbar, atrapalhar, para se rir ao ver que perdemos o próximo ponto, a próxima estação, ou talvez o próximo trem.

Há jovens alegres e jovens tristes.

Há velhos jovens e jovens velhos.

Há os que nos ensinam, mas também há os que podem nos desvirtuar.

Há os que não sabem o caminho e dependem da nossa orientação e explicações. Os que nos ensinam o caminho, muitas vezes certo, mas às vezes errado também.

E ainda há... existimos nós, que entramos e saímos nas estações e conduções, causando a quem quer que lá esteja a nossa gama de impressões.

Há a nossa última parada também; para uma viagem ao exterior...