Carta ao primo - Escolhas Frustradas

Meu primo está, como muitos brasileiros, inconformados com as atitudes do atual Presidente da República, com ampla demonstração de enorme mediocridade, e que era mesmo esperada desse personagem, anteriomente já conhecido na sua essência pela péssima performance no Congresso.

Ele escreveu em uma dessas redes sociais, convidando muita gente para assistir o que seria apresentado em uma emissora de TV, a enorme quantidade de malfeitos desse personagem ridículo durante esse período de governo, agravado com a pandemia.

Tentei acalmar um pouco o meu dileto primo, buscando que faça um pequeno exercício de abstração, encaminhando-lhe o que segue:

Calma primo... esse traste veio da coletânea de medíocres do Congresso... alí é que está o ninho da baia...

Alí é que, ao longo dos anos, tem funcionado como uma penitenciária, só que de portas abertas, onde o que mais se aprende é cometer crimes contra os cidadãos.

Na penitenciária, o que mais se ensina é o inverso da recuperação para a sociedade, é onde se aprende a ser ainda mais perverso com aquele ambiente.

No Congresso não tem sido diferente. O prêmio maior é tornar-se presidente... Uma vez galgado esse degrau, imediatamente monta-se uma estrutura semelhante à facções, através de um desesperado aparelhamento político da máquina administrativa.

Alí nesse Congresso não tem mais quase nenhum verdadeiro representante do povo, com sabedoria, com preparo. Ali está aquele que é mais "esperto", aquele que já perdeu a vergonha de "levar vantagem em tudo", a Lei de Gerson de seu amplo domínio. Já percorreu longo caminho desde uma eventual vereança em uma pequena comunidade desse enorme Brasil, muitas vezes também disputada impondo o medo e afastando os melhores intencionados.

Alí é um lugar onde não se vê mais nenhuma virtuosidade, nenhuma externação do bom caratismo. Alí virou um lugar no qual demonstrar honradez é sinônimo de provocação, é tornar-se uma ameaça...

Uma Presidência para qualquer um deles, é uma mera consequência dos votos mal pensado, até daquele recanto pacato da nossa Pindorama, mercê dessa nossa combalida democracia, cujos resultados ora se vê desaguado no planalto central.

A busca por um salvador da pátria desagua também no populismo, naquele eterno sebastianismo que sofre o povo brasileiro desde a sua descoberta, naquela ideia de que este ou aquele possa finalmente achar o caminho da verdadeira ordem e do progresso que se destaca, como uma esperança, na nossa bandeira. E, nessa busca, entre as ideias retrógradas de esquerda ou direita, perde-se a noção do que é melhor efetivamente para o povo brasileiro.

O melhor presidente não poderá surgir desse meio viciado, mas, também não poderá existir vindo de outro meio, se um congresso é desse perfil sórdido que temos visto.

Assim, meu caro, não sofra, vem por aí mais do mesmo. Sofremos é da massa que somos constituídos, uma massa cujo fermento não dá mais o efeito do crescimento e da virtuosidade que tanto sonhamos para nos orgulharmos. Qualquer um que queira governar, terá que se compor com as facções desse estrutura do mal, e que sordidamente, vem se perpetuando no poder, não importa muito quem está de plantão na Presidência, e tudo volta à mesma coisa de sempre.

Como mudar essa situação é que são elas... Com esse mesmo Congresso, não se conseguirá mudar o nosso sistema eleitoral, o nosso sistema de governo e o nosso sistema de representação, que ficará balançando entre ameaças de perder liberdade e o aceite de uma democracia cleptomaníaca. Falar de uma opção de representação como funciona nos países politicamente mais desenvolvidos, como é o caso do Parlamentarismo, com Voto Distrital Misto, por exemplo, é ameaçar a zona de conforto desses lacaios da sociedade, acomodados nos seus bunquers, de onde emana toda sorte de falcatruas contra o erário, e por conseguinte, do árduo suor da grande maioria do povo brasileiro.

A grande e lenta mudança está na base, enquanto temos que deglutir à força, com insalubre e amargo sabor, o que nos tem sido colocado no topo da representação, por vontade da maioria que não consegue entender a responsabilidade do voto e vislumbrar à frente as consequências de suas escolhas. Não os culpo, primo, o problema também está na educação, na formação dessa massa, que sequer tem um mínimo de conhecimento para iniciar uma discussão salutar que embase suas escolhas.

Tenha um Bom Dia e aceite meu fraternal abraço, dileto primo Antonio Afonso!

MARCO ANTONIO PEREIRA
Enviado por MARCO ANTONIO PEREIRA em 20/10/2021
Código do texto: T7367598
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